A presença Kaingang na Colônia Estadual de Férias de Itaí e no Internato Rural Pedro Maciel - Ijuí, RS (1957-1968)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Colling, Adriana
Orientador(a): Bergamaschi, Maria Aparecida
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/276893
Resumo: Este trabalho aborda a presença Kaingang na Colônia Estadual de Férias de Itaí e no Internato Rural Pedro Maciel, no período de 1957 a 1968, quando crianças Kaingang das terras indígenas de Inhacorá, Serrinha, Ventarra e Votouro passaram a frequentar as referidas instituições, localizadas em Itaí, município de Ijuí, noroeste do Rio Grande do Sul. Enquanto os meninos frequentaram a Colônia de Férias e também o Internato, as meninas só tiveram acesso à Colônia de Férias, e a presença delas ficou restrita aos anos de 1957 e 1958. Ambas as instituições, mantidas pelo governo do estado do Rio Grande do Sul, partilhavam a mesma equipe diretiva e estrutura física, já que o Internato funcionava durante o período letivo e a Colônia de Férias, no recesso escolar. Os objetivos desta tese estão voltados a identificar e compreender o contexto que culminou com as crianças sendo levadas à Colônia de Férias e ao Internato, a atuação destas instituições nos vários aspectos educativos/coloniais e o registro das memórias das pessoas que vivenciaram essa experiência. Foram examinados documentos elaborados pelos órgãos governamentais no período estudado, assim como aqueles produzidos pela burocracia e pelo cotidiano da Colônia Estadual de Férias de Itaí e do Internato Rural Pedro Maciel. A análise de fotografias presentes em relatórios produzidos pela instituição, assim como reportagens publicadas em jornais e revistas contribuíram para compreender os objetivos que a Colônia de Férias, o Internato e o Estado possuíam acerca da escolarização Kaingang. Também foram realizadas rodas de conversa com as pessoas Kaingang que, quando crianças, frequentaram a Colônia de Férias e o Internato. Ao contrário de outras experiências no Brasil e no exterior, a Colônia de Férias e o Internato não foram pensados para atender especificamente os povos indígenas. No entanto, assim como outras experiências de escolarização, esta ação estatal se inseriu em um rol de medidas que visavam a redução dos territórios originários para o uso da colonização e a integração dos indígenas à sociedade nacional, principalmente como trabalhadores para atuar no processo de desenvolvimento capitalista, que no dizer do Estado significava civilizar. O povo Kaingang opôs resistência às violências do Estado por meio das fugas do território (inclusive para evitar que seus filhos fossem levados a Itaí), da valorização da língua e da cultura Kaingang, a retomada (na década de 1990) de territórios Kaingang espoliados pelo governo estadual na década de 1960 e da luta pela construção de escolas em que os conhecimentos e a língua Kaingang sejam protagonistas.