Traços de vidas juvenis : rastros em escritas de jovens na socioeducação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Vidal, Alex da Silva
Orientador(a): Stephanou, Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/253083
Resumo: A tese tem como objetivo compreender como os jovens em medida socioeducativa se narram em práticas de escrita que resistiram em arquivos, buscando compreender, principalmente, quais discursos atravessam suas escritas, ganham força em sua experiência juvenil e compõe suas subjetividades. A empiria da pesquisa constitui-se de escritas remanescentes no sistema socioeducativo ou em projetos ligados a ele, produzidas por jovens que foram atravessados pelo aparato da socioeducação. Os principais documentos examinados foram autoavaliações, produzidas por jovens no momento da finalização da medida de meio aberto e fechado; escritas no âmbito dos projetos Virando a Página e Abrindo Caminhos; e documentos diversos encontrados no campo explorado, como cartas, bilhetes e escritas em oficinas realizadas dentro do sistema socioeducativo. As concepções teórico-metodológicas que direcionaram esta investigação foram: a) a utilização da operação historiográfica, enquanto princípio ético e enquanto caixa de ferramentas para uma análise crítica, da documentação (CHARTIER, 2010); b) A utilização das escritas de si (LARROSA, 1994; ARTIÈRES, 1998 e ARFUCH, 2010) como documentação importante do testemunho de sujeitos da margem (CASTILLO GÓMEZ, 2003); c) A opção por investigar a experiência juvenil em contexto socioeducativo, partindo de sua singularidade, suas narrativas de si e quadros de vida (PAIS, 2000); d) O caminho proposto por Armando Petrucci (1999), Ricoeur (1990), Chartier (2009) e Foucault (2014) para investigar as narrativas escritas. As escritas juvenis que resistiram à perda ou ao apagamento, são tomadas nesta tese como rastros das suas vidas, em espaços-tempos circunscritos e expressivos da situação de jovens em cumprimento de medida socioeducativa em Porto Alegre, entre os anos de 2002 e 2020. São jovens que vivenciam a periferia da capital, a violência urbana, a dificuldade em acessar direitos e uma vida precária (BUTLER, 2015). As principais conclusões da investigação apontam para o fato de que essas escritas só foram possíveis a partir do choque dos jovens com o poder, são traços breves, algumas vezes inseguros, em outros momentos ensurdecedores, que em geral não seguem a norma técnica da língua e são muito próximos da oralidade, mas que possuem como grande valor o testemunho, em diferentes formas de expressão de si, por parte de jovens estigmatizados, concebidos enquanto inimigos e de difícil apreensão na sociedade. As escritas de si revelaram-se documentos com grande heterogeneidade e riqueza de informações. Apesar dos desafios relacionados aos processos de escolarização, os jovens escrevem e se narram de formas diversas, alternando elementos como a vida afetiva e familiar, suas práticas de lazer, memórias de infância, passagem pela medida socioeducativa, trabalho, a relação com o “mundo do crime”, entre outros. Nas narrativas de si, ficam evidentes os atravessamentos sociais e da justiça, seja na estrutura da história, quanto em alguns sentidos que ecoam nas escritas.