Comunidade microbiana de um tapete hipersalino de Puna Atacama como modelo astrobiológico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Medeiros, Vanise Pereira de
Orientador(a): Frazzon, Ana Paula Guedes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/213182
Resumo: O estudo dos tapetes microbianos modernos desperta grande interesse em investigações astrobiológicas, pois as informações geradas podem fornecer novos elementos para o entendimento sobre a origem, desenvolvimento e limites da adaptação da vida na Terra, além de oferecer inéditos parâmetros às investigações em ambientes extraterrestres. Com vistas a ampliar os conhecimentos dentro da astrobiologia, objetivou-se estudar a comunidade microbiana presente no tapete hipersalino da laguna Ojos de Campo, situada na Puna Atacama, Argentina, com o propósito de avaliar a composição taxonômica e a tolerância às condições de estresse osmótico. Para tanto, foram realizadas as seguintes análises: (1) composição taxonômica e predição funcional da comunidade microbiana do tapete hipersalino, mediante sequenciamento de alto rendimento do gene 16S rRNA; (2) análises das bactérias cultiváveis por meio do emprego de cultura marinha em três temperaturas diferentes (15, 30 e 45 °C), sob condições aeróbias e anaeróbias e; (3) análise qualitativa da tolerância de isolados aos sais de perclorato de magnésio [Mg(ClO4)2] e análise quantitativa de tolerância da cepa OC 9.7 aos sais de cloreto de sódio (NaCl), sulfato de magnésio (MgSO4) e Mg(ClO4)2. O resultado da composição microbiana demonstrou que os filos majoritários no tapete são: Proteobactérias (44,4 %), Bacterioidetes (8,9 %), Firmicutes (3,8 %), Verrucomicrobia (3,3 %) e Cianobactérias (2,9%). As famílias de maior abundância dos respectivos filos, a incluir Oscillatoriaceae (Cianobactéria), constituiram bactérias capazes de metabolizar o enxofre. A predição metabólica identificou uma comunidade microbiana envolvida no metabolismo do metano, nitrogênio e enxofre. No total, 33 bactérias foram isoladas e identificadas aos gêneros de Bacillus, Halomonas e Shewanella. Destas, 54 % apresentaram tolerância à concentração de 0,5 M de Mg(ClO4)2. A cepa OC 9.7, identificada como Halomonas boliviensis, obteve crescimento em até 1,0 M de Mg(ClO4)2 e constitui resultado inédito. Ademais, mostrou-se tolerante em 25 % de NaCl e 2,0 M de MgSO4. Os resultados mostram que a comunidade microbiana expõe uma possível organização das primeiras formas de vida na Terra. Da mesma forma, organismos que vivem neste ambiente extremo, com tolerância a altas concentrações de sais, podem ser usados em pesquisas astrobiológicas.