Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Parracho, Bianca Basile |
Orientador(a): |
Zilberman, Regina |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/102229
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Resumo: |
Este trabalho examina o romance O último voo do flamingo, do escritor moçambicano Mia Couto, publicado pela primeira vez em 2000, em Portugal. Inicialmente apresentado como um enredo policial, o romance é narrado por um personagem que testemunhou os fatos: o tradutor de Tizangara, responsável por traduzir o diálogo entre a cultura eurocêntrica e as crenças míticas moçambicanas. A mediação cultural, a narração da história e os momentos em que o narrador/tradutor conta sua vida pressupõem um trânsito de pontos de vista que se estuda por meio das considerações dos pesquisadores Oscar Tacca e Gérard Genette. A ambivalência que é tanto causa quanto consequência dessa construção narrativa reflete a contrariedade em que vive a pequena vila moçambicana de Tizangara, cenário do romance. A partir da concepção de mito estabelecida por Mircea Eliade, verifica-se que a visão sagrada de mundo, característica de parte da história das tradições moçambicanas, é representada em O último voo do flamingo por antepassados, feiticeiros e homens mais velhos, os detentores de sabedoria nas crenças africanas. Diante disso, a corrupção, marca do poder dos governantes locais em Tizangara, ameaça a continuidade da vila, conduzindo a narrativa ao cenário apocalíptico proposto por Mia Couto enquanto uma forma de recomeço. Para compreender esse contraponto, considera-se o percurso histórico não só de Moçambique como também de Tizangara, uma metonímia do país africano. Como reflexo do complexo momento histórico por que passa aquele país, o ano de 1992 é escolhido para contar a história – primeiro ano de paz após décadas de guerra (de libertação e civil). Ainda que já liberto da colonização portuguesa desde 1975, Moçambique permanece colonizado, agora de forma distinta. Identificam-se também algumas das condições que contribuíram para o neocolonialismo com apoio bibliográfico proveniente sobretudo de Stuart Hall e Kwame Anthony Appiah. A apresentação histórica de Moçambique baseia-se nas diretrizes estabelecidas pelo historiador africano Joseph Ki-Zerbo. |