Entre a buena gente e o cidadão de bem : uma análise comparativa das direitas latino-americanas a partir dos discursos de Macri e Bolsonaro nas campanhas presidenciais de 2015 e 2018

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Orsi, Guillermo Omar
Orientador(a): Silva, Marcelo Kunrath
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/254355
Resumo: O tema desta pesquisa é a conceituação de um fenômeno muito amplo, abrangente e em constante adaptação que são as direitas latino-americanas, particularmente as direitas da Argentina e do Brasil, a partir de um aspecto inexplorado na literatura. Para isso foram selecionados dois atores, representativos da política, um em cada país: Mauricio Macri na Argentina e Jair Messias Bolsonaro no Brasil. A construção teórica utilizou principalmente as contribuições do politólogo holandês, Cas Mudde – a partir do conceito de Partidos Populistas Radicais de Direita - construindo com essa base, uma nova visão sobre as direitas latinoamericanas como forças políticas caracterizadas pela subalternidade. Sendo essa a posição em que se colocam – e colocam os povos que representam – em relação ao resto das nações. Nesse sentido, e no contexto de expansão e normalização das ultradireitas o uso do conceito do Mudde torna-se pertinente e útil para a análise destes casos: o mesmo permite interpretar e categorizar os discursos dos atores políticos dentro da sua própria lógica a partir de três elementos centrais: o populismo como retórica e ideologia “fina”; o autoritarismo como a pulsão pela resolução dos problemas sociais a partir das ações repressivas e policiais; e o nativismo como um tipo de patriotismo e nacionalismo xenófobo. Entretanto, como o foco do trabalho do Mudde encontra-se na Europa e nos Estados Unidos, o elemento nativista, característico destes cenários, mostrou-se inadequado para a interpretação dos casos analisados. Tal aspecto motivou o questionamento central deste trabalho: em que medida os conceitos elaborados, que têm como referência os processos políticos europeus e estadunidenses, são adequados (apropriados) para compreender teoricamente as direitas latino-americanas? E, mais especificamente, as ultradireitas? Da análise dos casos depreendeu-se que a característica distintiva das direitas na América Latina, independentemente de serem elas radicais ou moderadas, refere-se à sua posição subalterna em relação aos outros países do mundo – o que as impede de serem nativistas na maneira como descrita pela teoria. Esta subalternidade se expressa, em primeiro lugar, a uma valoração positiva das influências estrangeiras para o país em termos de valores culturais e morais e étnicos, assim como de importação de políticas públicas e admiração de bens e serviços estrangeiros. Em segundo lugar, a subalternidade se expressa na crença de que uma aproximação mais estreita com os países do Norte global é intrinsecamente desejável e benéfica para o país, entendendo a aproximação como o incremento dos intercâmbios comerciais políticos e diplomáticos. Em terceiro lugar, a subalternidade se expressa na desconfiança e desvalorização contra os grupos sociais, valores morais e culturais do próprio país. A análise foi realizada a partir dos discursos que os representantes das direitas argentina e brasileira divulgaram nos seus próprios canais de YouTube, durante o tempo que duraram as campanhas no segundo turno, para as eleições presidenciais. Este período na Argentina se estendeu de 25 de outubro a 22 de novembro de 2015; e no Brasil, entre 7 e 28 de outubro de 2018. A escolha do YouTube como fonte de dados respondeu tanto à grande oferta de materiais divulgados na plataforma quanto à percepção da concomitante falta de atenção que a mesma tem quando comparada com outras plataformas como Twitter.