"A selvageria desses selvagens" : representaçao e mobilizaçao da alteridade indígena na obra de Pierre Clastres

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Longoni, Pietro Bueno
Orientador(a): Quintero, Pablo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/280794
Resumo: Este trabalho tem por objetivo compreender e desvelar os recursos de representaçao e mobilização da alteridade indígena na obra de Pierre Clastres por meio de sua categoria política e filosófica de selvagem. Nesse exercício de antropologizar a própria antropologia, investigamos pela via da crítica imanente os principais eixos da obra de Clastres e as diferentes formas de representação da alteridade que estão a ela subsumidas, como parte de uma relação particular entre problemas antropológicos e contextos históricos e sócio-políticos, bem como a nichos ideológicos que se relevam anteriores a própria antropologia. Em nosso primeiro capítulo, realizamos um apanhado geral sobre a formação teórica de Clastres e os principais pressupostos que orientam a produção de suas obras e sua perspectiva particular sobre a função de uma antropologia política. Desvelamos, através de seus debates críticos com o estruturalismo de Levi-Strauss e com a antropologia marxista francesa, a influência do momento histórico na formulação de sua obra, enquadrando o desenvolvimento de seus ideais políticos de oposição a figura do Estado. No segundo capítulo, adentramos na análise daquilo que convimos chamar de selvagem clastreano, isto é, a representação particular sobre as sociedades indígenas contida dentro dos pressupostos teóricos de Pierre Clastres. Vemos como a leitura de Clastres sobre o selvagem se assemelha a muitos temas comuns as perspectivas renascentista e iluminista a respeito das sociedades indígenas da América do Sul, cujas alteridades são mobilizadas pelo autor no intuito de construir uma crítica ao Estado e ao pensamento Ocidental. No terceiro capítulo, examinamos a principal obra etnografica de Castres com o objetivo de determinar a maneira que o autor representa os indígenas que são objeto de seu estudo. Concluímos que, ao mesmo tempo em que os Guayaki sao representados pelo autor como uma espécie de "fósseis vivos", seu projeto etnográfico é pensado enquanto um discurso sobre a decadência das sociedades indígenas. Como conclusão deste trabalho, apontamos aos limites e problemáticas contidos na teoria antropológica de Pierre Clastres, enfatizando as potencialidades de uma reflexão sistemática sobre obras canônicas no interior da tradição da disciplina antropológica.