Resumo: |
Esta dissertação, "O Educador e a Assessoria EP/PI de Porto Alegre em cena na prevenção do Autismo", tem como objetivo refletir sobre os laços e as possibilidades constitutivas dos atos educativos de três educadores da escola infantil João Alhures com duas crianças pequenas que apresentavam sinais de Autismo em 2014, a partir do assessoramento denominado Educação Estruturante. A Educação Estruturante é uma concepção de trabalho da Assessoria EP/PI baseada nas leituras dos aspectos do desenvolvimento e da singularidade dos alunos da Educação Infantil, englobando isso aos seus planejamentos educativos. A posteriori, penso que a primeira etapa da pesquisa foi em 1991, quando foram criados os atendimentos de Educação Precoce, Psicopedagogia Inicial e a Assessoria de Inclusão dessas modalidades à Educação Infantil. A segunda etapa foi em 2014, quando foram detectados os sinais de Autismo em duas crianças que frequentavam o berçário da escola infantil João Alhures. Após, a terceira etapa consistiu na realização de uma avaliação psicanalítica das crianças aos seus três anos de idade, a fim de observar se ainda apresentavam sinais de Autismo. Já a quarta etapa consistiu na realização de entrevistas aos educadores, a fim de compreender como e quais laços discursivos estabelecidos entre ambos podem ter contribuído para a não fixação dessa estrutura psíquica. Para tal, a direção desta pesquisa trouxe surpresas ao ler que a Assessoria denominada Educação Estruturante se mostrou como movimentadora dos giros discursivos e do desejo dos educadores ao intervirem e participarem do processo de subjetivação das crianças pequenas com sinais de Autismo. Dessa forma, apostou-se que, na cena lúdica entre educador e crianças da pesquisa – as quais nos pareceram como sendo as prediletas entre as outras –, os educadores se autorizaram a exercer posições discursivas que lembravam as funções de pai, mãe, professores e terapeutas em estimulação precoce. Para tal leitura, a noção de semblante ganhou importância, no sentido de ser a agente nos quatro discursos de Lacan (1969-1970/1992) e a sustentadora do discurso analítico. Nessa direção, associamos que o educador também pode ter suas posições discursivas de semblante, ao realizar ¼ de giro nestas e produzir atos estruturantes que lembrem um pai, uma mãe, uma mestra e as vezes, um terapeuta em EP. As posições discursivas de semblante tomaram um caminho de ato estruturante, ao ser usual, atualmente, o educador passar quase 12 horas com as crianças e passar a ocupar papéis que ampliem o seu campo pedagógico. A partir dessas urgências, o educador foi lançado ao campo da invenção e do brincar denominado estruturante (Jerusalinsky, 1999). Esse brincar, a posteriori, se mostrou como possibilitador na promoção e articulação necessária para a constituição das crianças enquanto sujeitos. Nesse rumo, considerou-se que os educadores, conforme seu desejo pelas crianças e a Assessoria EP/PI recebida, parecem ter realizado o semblante necessário para que o brincar estruturante aparecesse, possibilitando atos de inscrições nelas. Também, demos destaque ao desejo do educador e à sua boa transferência com a Assessoria EP/PI. Enfim, ao final da pesquisa, apresentou-se como relevante os caminhos do semblante e do Entre (Bhabha, 1998), enquanto possibilidade da construção de um lugar transdisciplinar entre o campo da estrutura psíquica indecidida (Bernardino, 2004) e o campo do discurso (Lacan, 1969-1970/1992) para não fixação do Autismo. Afinal, que posições discursivas são essas que os educadores transitam, que não é mãe, não é pai, não é analista e nem terapeuta em EP? |
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