Contando sobre o antropoceno desde o Brasil : uma leitura a partir de Não verás país nenhum, de Ignácio de Loyola Brandão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Burd, Felipe Schifino
Orientador(a): Segata, Jean
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/235908
Resumo: Desde o seu lançamento, em 1981, Não verás país nenhum, de Ignácio de Loyola Brandão é objeto de numerosos estudos. Vários deles enfatizam o modo como a história aborda a Ditadura Militar brasileira (1964-1985). Alguns deles apresentam uma análise genética da obra. Outros, em menor número, leem o romance naquilo que ele ilumina no debate ambiental contemporânea. È a este último grupo que esta dissertação se integra. Partese da construção de uma história do Brasil na década de 1970 e do nascente movimento ambiental desta época para poder melhor situar Não verás país nenhum, livro escrito sobre e desde o Brasil. Posteriormente, aborda-se a história da ficção científica e das narrativas de tipo distópico, entre as quais o livro é classificado por diversos estudos. Essa história é traçada cronologicamente e centra-se no Brasil. Em seguida, pensa-se o livro a partir do debate em torno da ideia de Antropoceno. Argumenta-se que Não verás país nenhum apresenta o fim do domínio humano sobre a Natureza e que, para melhor compreendê-lo,é pertinente abandonar a distinção Natureza/Cultura (LATOUR, 2017). Com efeito, essa distinção ajuda a levar o Brasil ficcional ao colapso ambiental. Analisa-se ainda o modo como essa obra lança luz sobre o modo como a “intrusão de Gaia”, expressão de Isabelle Stengers (2015) é vivida pelo corpo. Sugere-se, então, que este livro pode ser lido como uma “ficção do Antropoceno” (TREXLER, 2015) ou uma “história de Gaia” (HARAWAY, 2016), mas que ele apresenta características específicas do Brasil, como a desigualdade socioeconômica e o autoritarismo político.