Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2008 |
Autor(a) principal: |
Cunha, Humberto Rocha |
Orientador(a): |
Fischer, Nilton Bueno |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/13748
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Resumo: |
O saber operário, no caso estudado nesta tese, nasce na família, no trabalho e nas escolas profissionalizantes, reproduz-se pelas relações familiares e disseminase através dos ambientes de trabalho dos membros da família. A reprodução no seio da família não é reprodução simples, mas reprodução ampliada e sofisticada, uma vez que, de um lado, o mundo da produção tem evoluído de um mercado primordialmente de bens tangíveis para um mercado que privilegia bens intangíveis; de outro lado, os sujeitos das novas gerações não se vinculam necessariamente ao ambiente do trabalho físico ou fabril, mas diversificam suas inserções, inclusive no mundo docente e acadêmico. O caso estudado é a Família Dornelles, tomando como membro fundador Armando Dornelles e focando o pensamento e a ação de sua filha Leni Vieira Dornelles e de sua neta Amanda Eccel Dornelles, ambas pedagogas com estudos pós-graduados. As entrevistas realizadas com esses três membros da Família Dornelles permitem concluir que é possível afirmar a existência de uma pedagogia intergeracional na família, estruturada sobre cinco pilares: responsabilidade, respeito, honestidade, amorosidade e solidariedade. Adicionalmente, é possível concluir que o pensamento gerado na família operária amplia-se e dissemina-se através da ação dos seus membros nos respectivos ambientes de trabalho. Privilegia-se, para a investigação, dois membros docentes, e o que se constata é que uma das possíveis conexões pedagógicas do pensamento operário se dá pela ação docente, de pesquisa e de extensão. Os valores adquiridos na família acompanham os sujeitos em sua vida adulta e são operacionalizados e disseminados através da prática acadêmica no âmbito da Universidade e nos eventos profissionais e científicos internos ou externos à instituição onde se dá o vínculo profissional. As entrevistas permitem, também, detectar que, entre as três dimensões – operário, gaúcho, negro – o ser negro, na Família Dornelles, tem menor peso específico do que ser gaúcho ou ser operário (trabalhador). Ser gente vem primeiro, depois vem o ser operário (trabalhador), ser gaúcho, ser negro. Cada uma destas dimensões da cultura e da personalidade dos sujeitos pesquisados participa do seu condicionamento social, todavia o que os impulsiona é o sentir-se em condição de disputa com outros que nasceram privilegiados pela cor ou situação econômico-social. A condição genérica do humano é que dá consistência à formulação e vivência dos valores, subsidiada pela situação de classe, etnia e pertencimento territorial. Estudos como este, têm uma forte referência na contribuição de Boaventura Sousa Santos e Carlo Ginzburg, que, respectivamente, nos seus estudos “Conhecimento prudente para uma vida decente: Um discurso sobre as ciências revisitado” e “El queso y los gusanos”, conectam um foco a um período histórico. Santos preocupa-se em produzir, a partir da ausência, a emergência do sujeito. Ginzburb propõe um método de estudo de caso em que busca relações genéricas com totalidades, permitindo abstrair generalidades, sem com isto ter a pretensão de obter generalizações, que, supostamente, seriam válidas para outras circunstâncias, concomitantes no tempo ou no espaço de ocorrência do caso em estudo. |