Uso de hemoderivados na hemorragia pós-parto : estudo de coorte retrospectiva antes e após protocolo com treinamento multiprofissional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Luiz, Carina Bauer
Orientador(a): Vettorazzi, Janete
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/223189
Resumo: Introdução: A morte materna é um problema de saúde pública no Brasil. A hemorragia obstétrica é uma das principais causas de morbimortalidade materna. Medidas de prevenção da hemorragia pós-parto (HPP) são recomendadas na rotina de atendimento a pacientes em trabalho de parto, como, por exemplo, a indicação do uso de ocitocina após o parto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que pode reduzir em mais de 50% os casos de HPP por atonia uterina. É fundamental a instituição de um protocolo que oriente o atendimento da HPP visando, por meio da implementação das melhores condutas, a redução da morbimortalidade materna e dos índices de hemotransfusões. A necessidade de uso de hemoderivados é um dos indicadores de morbidade obstétrica grave e uma forma de verificar a efetividade do protocolo de HPP. Objetivo: Comparar o índice de hemotransfusões em puérperas antes e após implantação de um protocolo de atendimento para HPP com treinamento multiprofissional. Metodologia: Estudo de coorte retrospectiva dos nascimentos ocorridos entre 2015 e 2019 num hospital universitário, que atende em torno de 3.500 partos ao ano. Realizou-se um estudo comparativo dos eventos relacionados ao uso de hemoderivados antes (T1 (janeiro/2015 a junho/2017)) e após a implementação do protocolo de HPP (T2 (julho/2017 a dezembro/2019), com treinamento multiprofissional. Foram revisados todos os casos de puérperas que receberam hemocomponentes no pós-parto, no período estudado. Resultados: Entre 2015 e 2019 ocorreram 17.731 nascimentos, e 299 (1,7%) puérperas receberam hemoderivados. Após excluir as puérperas que receberam hemoderivados por indicações não relacionadas ao nascimento, foram analisadas 278 puérperas com idade média de 24,5 anos, sendo obtida maior frequência de uso (p=0,03) de hemocomponentes após a implementação do protocolo, respectivamente, 1,3% (128) no T1 e 1,84% (150) no T2. A mediana de unidades de hemoderivados não foi diferente (p=0.202) entre os dois grupos, entretanto, na análise individual de uso, observou-se menor uso de concentrado de hemácias no segundo período. O uso do misoprostol via bucal (T1 = 7,8% X T2 = 39,3%, p= ≤0,0001) e do ácido tranexâmico (T1 = 4,7% X T2 = 56,0%, p = ≤0,0001) foi mais frequente no T2. Não houve diferença na mediana do tempo de internação entre os dois períodos, sendo T1 de 5 dias (p=0,058) e T2 de 4 dias. Após o treinamento multiprofissional houve diferença significativa na utilização de uterotônicos (T1 = 33,6% e T2 = 78,7%, p = 0,025) e na utilização completa do protocolo de HPP (uso de ocitocina, misoprostol e ácido tranexâmico) (T1 = 5,1% x T2 = 49,5%, p ≤ 0,0001). Com a relação à classificação do risco de hemorragia no momento da internação da parturiente, a implementação do novo protocolo clínico facilitou a identificação de 34,7% (n=150) dos casos no T2, sendo 12,7% classificados como de baixo risco; 14,7%, como médio risco; e 7,3%, alto risco de hemorragia. Analisando a frequência de complicações pós-hemorrágicas, observou-se menor frequência destas no T2, em especial de insuficiência renal aguda (p = 0,010). Conclusão: A implementação do protocolo de HPP com o treinamento multiprofissional contribuiu para a utilização adequada de hemoderivados, adoção da classificação de risco hemorrágico no momento da internação e, ainda, auxiliou na diminuição da morbimortalidade materna. Desta forma, ressalta-se a importância da implementação de protocolos assistenciais multiprofissionais, visando à qualificação do cuidado e treinamento contínuo da equipe multiprofissional.