Para uma história de designalidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Lemos, José Carlos Freitas
Orientador(a): Marzola, Norma Regina
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/23754
Resumo: O objetivo da tese foi evidenciar a posição central da “designalidade” e do “desenho” nas racionalidades que acompanham a sociedade ocidental desde o século XIII. A “designalidade” seria a própria dimensão visível da racionalidade. Ou seja, as relações entre as formas nominativas e pictóricas do “desenho” dariam suporte e seriam suportadas por estas racionalidades, fornecendo a especificidade formal de tempos e lugares diferentes. Esta pesquisa se pautou em duas modificações de racionalidades. A primeira é a transição de racionalidades cristãs ocorridas no século XII, de um homem subjetivado pelo pecado original a um homem feito à imagem e semelhança de Deus. Esta racionalidade advinda da Alta Idade Média daria lugar a dois acontecimentos fundamentais na sociedade ocidental. Primeiro, à emergência do “desenho”, em suas formas italianas nominativas – os usos generalizados do “disegno” e do “disegnar” – e pictóricas, a tradição do “olhar-janela”, a visão como se “de Deus fosse”. Esta tradição se iniciaria no século XIII e chega até o século XXI. O segundo acontecimento viabilizado por esta transição de racionalidades cristãs, através do novo lugar ocupado pelo homem, numa posição absoluta diante das demais coisas e seres terrenos, seria a sua adequação às demandas de organização da sociedade no século XVI. A razão “homem comparável a Deus” deslizaria das formas explicativas, justificativas e organizativas estritamente fundadas na fé e na religião católica, para a formulação econômicopolítica, disciplinar, classicista e científica do Estado mercantil policial no século XVI. À forma generalizada que o “desenho que faz olhar através de” deu à nova racionalidade cristã e à forma organizativa emergente do Estado policial, entre os séculos XIII e XVI, dei o nome de designalità. A maneira generalizada da Europa conceber a organização da sociedade deixa de ser dominante no século XVIII – mas permanece como forma alternativa – através do surgimento de novos modos de raciocinar. O Estado mercantil policial clássico deixa de responder satisfatoriamente às demandas sociais, políticas e econômicas no cenário europeu dos séculos XVII e XVIII e passa a se identificar com a nova forma do Estado econômico liberal moderno – que se tornaria industrial. Desta feita, não se trata de uma modificação interior ao pensamento estritamente católico-cristão. Reformas protestantes e contrarreforma católica haviam predisposto diferentes regiões e sociedades a distintos acontecimentos políticos, econômicos e sociais. Dessa modificação de racionalidades emergiria o “design”, como nova forma nominativa e pictórica generalizada das práticas de “desenho”. A nova forma de perceber a racionalidade seria a designality. Entretanto, a designalità permaneceria modificada pelo academicismo francês em designalité. O que se teria a partir da transição entre as designalidades clássica e moderna seria, então, uma forma híbrida, designality/designalité, que se manteria assim até o início do século XXI, onde finalmente se sinalizam indícios da dominância da designality.