Marcadores funcionais no sistema nervoso central de tartarugas e suas variações em distintas condições experimentais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1996
Autor(a) principal: Partata, Wania Aparecida
Orientador(a): Marques, Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/270583
Resumo: No presente trabalho demonstrou-se, mediante a utilização de técnicas histoquímicas, a distribuição das enzimas glicogênio fosforilase, citocromo oxidase e NADPH-diaforase no sistema nervoso central de tartarugas Trachemys dorbigni, adultas, e Pseudemys scripta elegans, jovens. Verificou-se, também, a distribuição destas duas últimas enzimas no encéfalo e na medula espinal cervical alta e lombar de tartarugas Trachemys dorbigni, adultas, após secção do nervo ciático, incluindo ainda, o estudo do padrão de imunorreatividade da substância P (SP) na medula espinal. Também foi avaliado o efeito do jejum de 90 dias sobre a distribuição das três enzimas no sistema nervoso central de tartarugas Trachemys dorbigni adultas. As enzimas em estudo mostraram uma distribuição similar no sistema nervoso central de Trachemys dorbigni, adulta, sendo esta distribuição igual na medulla oblonga, onde se detectaram nos núcleos reticulares, da rafe, no locus coeruleus, no vestibular, no coclear e nos V, VI, VII, X e XII pares cranianos. No telencéfalo, a glicogênio fosforilase ocorreu nas camadas granular e de fibras aferentes do bulbo olfatório, nas três camadas corticais, na eminência dorsal ventricular do telencéfalo (DVR), no estriado, no primórdio de hipocampo, na amígdala e nos núcleos do tubérculo olfatório e da banda diagonal de Broca. A citocromo oxidase também foi identificada nessas mesmas áreas, com exceção da banda diagonal de Broca. A NADPH-diaforase ocorreu nos glomérulos e na camada granular interna do bulbo olfatório, no DVR, no estriado, em algumas células piramidais dos córtices, no córtex piriforme, nos núcleos accumbens e da comissura anterior, na região septal, no globus pallidus e no tubérculo olfatório. No diencéfalo, a glicogênio fosforilase foi identificada nos núcleos rotundus, reuniens e geniculado, no hipotálamo periventricular e ventral, e na eminência média, e a citocromo oxidase nos núcleos rotundus, geniculado, habenular e entopeduncular, e no hipotálamo lateral e periventricular. A NADPH-diaforase também foi encontrada nestas mesmas áreas hipotalâmicas, e ainda na área pré-óptica e nos núcleos paraventricular, supramamilar, suprapeduncular e entopeduncular. No mesencéfalo, a glicogênio fosforilase foi evidenciada no tecto óptico, no núcleo mesencefálico do V par craniano, nos núcleos dos III e IV pares cranianos, no torus semicircularis (TSC), nos núcleos rubro e do ístmo, na substância nigra (SN) e nos núcleos interpeduncular e da comissura posterior. A citocromo oxidase foi detectada nestas regiões, com exceção do núcleo interpeduncular, ocorrendo ainda nos núcleos do fascículo longitudinal medial e da raiz óptica basal. A NADPH-diaforase foi revelada no tecto óptico, no TSC, na área tegmental ventral, nos núcleos profundos do mesencéfalo, na SN e no núcleo rubro. No cerebelo, a glicogênio fosforilase, a NADPH-diaforase e a citocromo oxidase foram identificadas nas camadas granular e molecular, enquanto esta última também foi observada nas células de Purkinje. Os núcleos profundos mostraram reatividade às três enzimas consideradas. Na medula espinal cervical alta, as atividades glicogênio fosforilase e citocromo oxidase ocorreram nos motoneurônios e nos neurônios comissurais dorsais. Esta última enzima ainda foi detectada na coluna lateral do como dorsal, no núcleo marginal e em neurônios dispersos pelo funículo lateral. A atividade NADPH-diaforase foi encontrada nas áreas Ia, Ib, II e III, na coluna lateral e na comissura do corno dorsal. As células gliais mostraram reação positiva com os procedimentos histoquímicos utilizados. As tartarugas Pseudemys scripta elegans, jovens, apresentaram esse perfil enzimático acima descrito para Trachemys dorbigni adulta. Observaram-se, porém, algumas diferenças: as camadas molecular e plexiforme corticais não mostraram atividade glicogênio fosforilase, mas uma intensa reação citocromo oxidase, e a distribuição da NADPH-diaforase foi mais ampla, ocorrendo em maior número de neurônios piramidais, na camada molecular, em corpos celulares no fascículo longitudinal medial e na substância branca da medula espinal, bem como em neurônios motores do corno ventral da medula espinal. A secção do nervo ciático em tartaruga adulta não alterou o padrão de distribuição da citocromo oxidase, porém aumentou a reação NADPH-diaforase em células pequenas e grandes do gânglio raquidiano, e no corno dorsal da medula espinal lombar. Este acréscimo apresentou-se reduzido a partir dos 30 dias da axotomia nas células pequenas do gânglio raquidiano, enquanto no corno dorsal a atividade manteve-se elevada ainda aos 90 dias. Além disso, houve expressão NADPH-diaforase em neurônios motores do como ventral da medula espinal lombar, no lado ipsilateral à secção; acréscimo desta atividade em células gliais e endoteliais do neuroeixo; aparecimento da atividade enzimática nos núcleos dorsomedial do tálamo, mesencefálico do V par craniano e ístmo; presença de reação granular NADPH-diaforase em alguns neurônios dos núcleos reticulares medial e inferior, e naqueles da rafe superior e inferior. Em tartarugas adultas intactas a SP foi localizada em fibras da área Ia, as quais podiam chegar até a área III, cruzando, algumas delas, a linha média. Outras fibras chegavam ao corno ventral, onde rodeavam o soma de motoneurônios negativos. Ainda foi detectada SP nos funículos lateral e anterior, e no soma de neurônios da coluna lateral do como dorsal. A secção do nervo ciático provocou diminuição do número de fibras imunorreativas à SP já aos 7 dias, e somente aos 90 dias constatou-se recuperação da imunorreatividade nessas mesmas fibras. O jejum de 90 dias não ocasionou alterações no padrão de distribuição das enzimas glicogênio fosforilase, citocromo oxidase e NADPH-diaforase do tecido nervoso de tartarugas Trachemys dorbigni adultas. Concluindo, as enzimas em estudo possuem uma distribuição similar no sistema nervoso central de tartarugas Trachemys dorbigni adultas e Pseudemys scripta elegans jovens, havendo, porém, maior expressão NADPH-diaforase no encéfalo de Pseudemys. A secção de nervo periférico alterou o perfil neuroquímico da medula espinal lombar da tartaruga Trachemys e o jejum de 90 dias, ao contrário, não provocou modificação na atividade das enzimas consideradas. Estes resultados evidenciam a necessidade de uma abordagem funcional mais detalhada do tecido nervoso de tartarugas, não apenas para seu entendimento, mas também para o esclarecimento de muitas questões especulativas nos mamíferos, pois é indiscutível a posição estratégica dos quelônios na filogenia dos vertebrados.