Efeito da resistência à insulina em processos cognitivos relacionados ao comportamento alimentar de indivíduos com baixo peso ao nascer : evidências do ciclo vicioso da obesidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Mucellini, Amanda Brondani
Orientador(a): Manfro, Gisele Gus
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/188923
Resumo: A programação do metabolismo e do comportamento alimentar e a posterior exposição a alimentos hiperpalatáveis possivelmente expliquem o risco aumentado para doenças crônicas relacionadas à obesidade dos indivíduos com baixo peso ao nascer. Especificamente, as evidências indicam que essa população é mais propensa à resistência à insulina e ao dano hipocampal e que a associação de ambos pode explicar, em parte, a disfunção no controle alimentar e na saúde metabólica. Os indivíduos com restrição fetal do crescimento, portanto, seriam mais propensos ao ciclo vicioso da obesidade: desde a infância, são mais sensíveis à insulina e preferem alimentos hiperpalatáveis aos saudáveis; a maior ingestão desses alimentos induz progressivamente à resistência à insulina; a alteração na sinalização de insulina hipocampal prejudica a formação da memória alimentar e o controle inibitório frente a pistas alimentares; o maior consumo crônico de alimentos hiperpalatáveis rompe o equilíbrio e, consequentemente, surgem as doenças metabólicas relacionadas à obesidade na vida adulta. A proposta deste trabalho foi introduzir a hipótese do ciclo vicioso da obesidade em indivíduos nascidos com baixo peso, investigando, através de um delineamento translacional, se a resistência à insulina estaria associada ao processamento cognitivo diferencial frente às pistas alimentares nos indivíduos nascidos pequenos para a idade gestacional. (a) Primeiramente, verificou-se o ciclo vicioso da obesidade em um estudo com adolescentes saudáveis, representantes de todo o espectro de peso ao nascer, analisando se a resistência à insulina periférica estaria associada ao comprometimento da memória alimentar implícita e à desativação de áreas cerebrais associadas ao controle inibitório em resposta a imagens de alimentos hiperpalatáveis. (b) Após, verificou-se se o baixo peso ao nascer estaria associado a um comportamento alimentar obesogênico e à alteração do tamanho hipocampal e da sensibilidade à insulina em adolescentes. (c) Por fim, em um modelo de desnutrição gestacional em roedores, analisou-se se o baixo peso ao nascer modifica o estado metabólico, o comportamento alimentar e a função insulínica hipocampal, e se o consumo de alimentos hiperpalatáveis incrementaria essas mudanças. Uma carta ao editor e um artigo de revisão foram escritos com base nessas premissas. No estudo clinico, foi encontrada que a maior resistência à insulina está associada ao comprometimento da memória alimentar implícita e que quanto maior a resistência à insulina, maior ativação de áreas cerebrais associadas à atenção e menor ativação das associadas ao controle inibitório frente a imagens de alimentos hiperpalatáveis. Esse estudo também mostrou que o baixo peso ao nascer está associado a uma ingestão mais densamente calórica, ao comprometimento da memória alimentar implícita, à redução do volume do subículo hipocampal e que a resistência à insulina interage com o peso ao nascer ao modular a ingestão alimentar externa. Por fim, o estudo experimental evidenciou que o baixo peso ao nascer está associado ao aumento da fosforilação do receptor glutamatérgico hipocampal induzido por insulina, à resistência à insulina hipocampal e à menor ingestão e entropia do comportamento alimentar quando há mudança na previsibilidade alimentar. Além disso, o baixo peso ao nascer junto à ingestão crônica de dieta hiperpalatável está associado ao maior ganho de peso corporal e ao reconhecimento da novidade alimentar. Ao reunir essas evidências, esta tese aponta que a associação da resistência à insulina ao comprometimento hipocampal explica, em parte, a alteração do comportamento alimentar dos indivíduos nascidos com baixo peso. Em um ambiente repleto de pistas alimentares, a ruptura do controle cognitivo pode levar ao ganho de peso e comprometer a saúde metabólica desses sujeitos ao longo do tempo.