Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2012 |
Autor(a) principal: |
Lazarotto, Carmen Ângela |
Orientador(a): |
Simões, Luciene Juliano |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/49680
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Resumo: |
Esta pesquisa busca compreender a constituição do letramento em língua portuguesa e em espanhol, como língua adicional, na escola municipal de Ensino Fundamental Cinderela, no ciclo de alfabetização, no município de Santa Helena, extremo-oeste de Santa Catarina. Foram utilizados procedimentos metodológicos da pesquisa qualitativa de cunho etnográfico (ERICKSON, 1990; HEATH e STREET, 2008; MASON, 1996; JUNG, 2003). A geração de dados envolveu participação em eventos de letramento nas aulas de língua portuguesa e nas aulas de espanhol, participação em conselhos de classe, em reuniões com os pais, observação da hora do recreio e visita às famílias. O trabalho de campo foi realizado através de observação participante, e os dados consistiram de registros audiovisuais e fotográficos, notas em diário de campo, recolha e organização documental, e gravação de entrevistas. A análise de 12h/a de espanhol, 39 h/a de língua portuguesa (outras matérias escolares com a professora de referência), 2 horas e 30 minutos de recreio, e cerca de 11 horas nas famílias ocorreu em três etapas: análise dos registros audiovisuais a partir de uma revisão teórica focalizando os conceitos de letramento e eventos de letramento (HEATH, 1982; SCRIBNER e COLE, 1981 e STREET, 1984), considerando uma perspectiva de educação linguística (BAGNO e RANGEL, 2005; HEATH 1982; BRITTO, 2007) e de inter-relação entre língua materna e línguas adicionais no trabalho de letramento escolar (SHLATTER e GARCEZ, 2009; GEE, 2004). A segunda etapa foi analisar detalhadamente todas as notas do diário de campo e, na terceira etapa, analisar diversos mapas físicos da turma. Ao longo da análise, notaram-se diferenças entre as identidades de participação negociadas, de tal forma que a ratificação dos participantes para tomar parte nos diferentes eventos de letramento registrados varia de um participante a outro e de um contexto a outro. Os resultados da pesquisa mostram que nos eventos de letramento escolares que se configuram em sala de aula durante as aulas de língua portuguesa, matemática, ciências e artes, que têm a língua portuguesa como língua focalizada em suas manifestações orais e escritas, as crianças interagem com a leitura e a escrita de maneiras diferentes. Essas diferenças se relacionam aos diferentes modos como participam verbalmente, a como sua participação é ou não ratificada e por receberem ou não a ajuda dos colegas no momento da realização das atividades. O letramento escolar proporcionado parece evidenciar que muitas linguagens e modos de participar estão implicados nas interpretações do discurso escrito, mas, ao mesmo tempo, torna central para a interação com esses discursos as competências ligadas à alfabetização. Em muitos momentos das aulas em língua portuguesa, a interação entre as crianças e a professora contribui para a construção de conhecimentos sobre a escrita e de significados relacionados a ela, embora as oportunidades de participação e a ratificação distinta de diferentes contribuições siga sendo notada, com forte ênfase na avaliação positiva de respostas que se alinhem ao repertório da professora e aos sentidos ligados a instrumentos valorizados pela escola. Nos eventos de letramento escolares que se configuram em sala de aula durante as aulas que têm a língua espanhola (aulas de espanhol) como língua focalizada em suas manifestações orais e escritas, o gerenciamento conjunto do discurso de sala de aula nas diversas atividade realizadas pode ser demonstrado na organização da participação em sala de aula, no trabalho oral e interativo, no engajamento de todos e cada um nas atividades pedagógicas e também na cooperação entre o grupo para a leitura coletiva, por meio da qual, mesmo não sabendo ler é possível participar e aprender. Essa organização da participação e da aprendizagem também ocorre nas aulas que têm a língua portuguesa como foco, mas parece ser distintiva da aula de espanhol, na qual a função da alfabetização como porta de acesso à participação não convive com uma participação mais inclusiva. Ou seja, como interpretação central dos dados recolhidos, fica a questão de que nas aulas em que o letramento em português está em curso, há variadas interpretações do letramento sendo negociadas, mas a alfabetização se coloca muitas vezes como repertório escolar valorizado e construído como condição para a participação. Contrariamente a isso, no (bi)letramento produzido nas aulas de espanhol, essa agenda ligada à alfabetização não é construída conjuntamente em nenhuma das interações observadas. Veremos que nos critérios de sucesso escolar, essa valorização do letramento escolar autônomo e do código alfabético acaba por ter fortes efeitos de classificação e seleção dos alunos, tornando a observação de como isso se constrói aula a aula uma questão importante para o entendimento da educação produzida no contexto situado pesquisado. |