Inibição terapêutica da interação MDM2-p53 : uma alternativa para o tratamento do carcinoma adenoide cístico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Nör, Felipe
Orientador(a): Sant'Ana Filho, Manoel
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
p53
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/150275
Resumo: Introdução: O carcinoma adenoide cístico (CAC) é uma das neoplasias de glândula salivar mais comuns para o qual não se encontra quimioterapia eficaz. Um conceito emergente na terapia do câncer é atingir proteínas especificas do tumor. MDM2 (murine double minute 2) é um importante inibidor do supressor tumoral p53, e sua expressão é aumentada em CAC. O objetivo do Artigo 1 foi avaliar o efeito de um novo inibidor da interação MDM2-p53 (MI-773) no CAC in vitro e in vivo. O Artigo 2 teve como objetivo entender o papel da combinação de MI-773 com cisplatina, além de avaliar a recorrência de CAC frente a regime neoadjuvante de MI-773. Materiais e Métodos: 3 modelos de xenoenxerto derivado de paciente (XEDP, UM-PDXHACC- 5; ACCx6; ACCx9) e 5 culturas primarias de CAC (UM-HACC-1, -2A, -2B, -5, -6) foram usados para experimentos in vitro e in vivo. Ensaio de Sulforrodamina B (SRB) foi realizado para avaliar o efeito dos agentes experimentais na viabilidade celular, além de determinar valores de IC50. Western blots revelaram a expressão de p53, fosfo-p53, MDM2, p21, PUMA, BAX, Bcl-2 e Bcl-xL. Lâminas histológicas (UMPDX- HACC-5) foram avaliadas por imunohistoquímica e imunofluorescência para determinar a localização de p53. Técnica de TUNEL in situ revelou o número de células de UM-PDX-HACC-5 no processo de apoptose. Citometria de fluxo foi realizada para determinar o efeito da terapia na proporção de células-tronco tumorais (ALDHhighCD44high) e para avaliar o ciclo celular. Para os estudos in vivo, animais transplantados com tumores (UM-PDX-HACC5, ACCx6, ou ACCx9) receberam protocolo terapêutico (MI-773 – gavagem; cisplatina – injeção intraperitoneal; ou veículo controle) conforme indicado. ANOVA, seguido de testes post-hoc (Tukey), Mann-Whitney U-test ou Student’s t-test foram usados para determinar as diferenças no crescimento tumoral, peso, volume, apoptose, viabilidade celular, expressão de TUNEL e p53. Significância estatística: p<0.05. Resultados: MI-773 causa regressão do tumor em todos os modelos préclínicos de CAC. Doses diárias de 100mg/kg de MI-773 reduziram significativamente o volume tumoral quando comparado com doses intermediárias (10 ou 50 mg/kg MI-773) ou veículo controle, em todos os modelos de CAC. Alternativamente, camundongos transplantados com tumores UM-PDX-HACC-5 receberam doses semanais de MI-773 (200 mg/kg) e/ou cisplatina (5 mg/kg) por 30 dias, a fim de se avaliar o efeito da combinação das drogas. MI-773, como agente único, causou regressão tumoral, sendo mais efetivo do que a cisplatina. Cisplatina, por outro lado, mostrou limitado efeito terapêutico, estabilizando o crescimento tumoral. Notavelmente, a combinação MI-773 + cisplatina foi mais efetiva do que os agentes isoladamente, e não foi verificada retomada do tumor no período pósoperatório. Importantemente, os protocolos experimentais não comprometeram a saúde geral dos animais. Coletivamente, estes resultados in vivo demonstram que MI-773 atua como mediador na regressão tumoral de CAC e sensibiliza os tumores à cisplatina. A inibição terapêutica da interação MDM2-p53 ativa p53 e induz apoptose. MI-773 potentemente induz expressão de p53, seu alvo p21 e proteínas relacionadas à apoptose, como PUMA, BAX, Bcl-2 e Bcl-xL in vitro e in vivo. Análise do ciclo celular mostrou que a inibição terapêutica da interação MDM2-p53 por MI- 773 causa parada no ciclo celular no primeiro ponto de checagem (G1). Marcação por TUNEL revelou número significativamente maior de células em apoptose quando tumores de UM-PDX-HACC-5 foram tratados com MI-773 em comparação com controle (p<0.05) Utilizando o mesmo modelo de xenoenxerto, a técnica de imunohistoquímica mostrou que MI-773 não somente aumentou a porcentagem de células p53-positivas (p<0.001), como causou uma translocação parcial de p53 ao citoplasma. MI-773 reduz a fração de células-tronco tumorais (CTT) e previne recorrência do CAC. Tratamento com MI-773 como agente único ou combinado com cisplatina reduziu a fração de CTT (p<0.05). Notavelmente, nenhum animal tratado com regime neoadjuvante de MI-773 apresentou recorrência tumoral mesmo após 300 dias de acompanhamento. Em contraste, em 62,5% dos animais do grupo controle houve recorrência (p=0.0097). Conclusões: Em resumo, os estudos demonstram que a inibição terapêutica da interação MDM2-p53 com MI-773 é uma estratégia antitumoral eficaz, é capaz de sensibilizar tumores à cisplatina e previne recorrência neste modelo pré-clínico de CAC. Coletivamente, os dados sugerem que pacientes com carcinoma adenoide cístico podem ser beneficiados através de terapias-alvo contra MDM2.