A infâmia de quincas : (re)existências de corpos em tempos de biopolítica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Vasconcelos, Michele de Freitas Faria de
Orientador(a): Seffner, Fernando
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/72783
Resumo: A pesquisa que deu vida a esta tese teve como objetivo seguir rastros da construção de corpos inseridos num Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e outras Drogas (CAPS ad) de Aracaju, Sergipe, particularmente, em seus arranjos de masculinidades. A tentativa foi a de forjar um corpo de pesquisa e de escrita bem ali entre o mandato de produzir corpos normalizados, identificados, generificados e a teimosia em resistir desses mesmos corpos submetidos a tal mandato, inclusive do próprio corpo do cuidado. As perguntas que nortearam esta pesquisa foram: que insistências, que (re)existências experimentam corpos num cenário de cuidado em álcool e outras drogas? Que (re)existências experimentam corpos num contexto biopolítico de face neoliberal, em que o exercício de poder pretende encerrar a produção da vida e dos corpos humanos numa dimensão empresarial, fabricando corpos e sujeitos empreendedores de si? Os campos teóricos que fundamentaram a pesquisa foram os estudos foucaultianos, alinhavados por algumas questões e conceitos de Nietzsche, Deleuze e Guattari operados no campo da saúde pública, em particular, o da saúde mental, bem como no dos estudos de gênero e sexualidade. Para a montagem metodológica, inspirou-se em questões propostas pelo método etnográfico, em discussões da escola francesa de análise institucional e em pistas apontadas pela cartografia. Os dados foram produzidos por meio de: 1) cadernos de formação desenhados durante o trabalho na rede de saúde mental aracajuana e no CAPS ad em particular, bem ali onde um processo de trabalho se constituiu como uma paisagem de formação e pesquisa; 2) diários de campo; 3) entrevistas individuais com usuários/as e profissionais; 4) grupos focais com usuários/as e profissionais; 5) roda de conversa com usuários de álcool e outras drogas numa praça da cidade; e 6) realização de uma oficina de “contação de histórias”. Foi pactuado um modo coletivo de acompanhamento da pesquisa e produção de análises por meio da formação de um grupo pesquisador composto por duas profissionais do CAPS ad, duas profissionais e um profissional do Projeto de Redução de Danos e um usuário. Os seguintes eixos funcionaram como focos para a produção de análises: corpo, gênero, sexualidade, cuidado em ad; arranjos corporais, arranjos de gênero e sexualidade; arranjos terapêuticos em articulação com arranjos pedagógicos; CAPS como um território de ensino e formatação corporal; CAPS como território de (des)aprendizagens corporais, abertura dos corpos para a variância, para composição de novas formas, inclusive do corpo do cuidado; projetos terapêuticos como projetos pedagógicos; projetos terapêuticos-pedagógicos de gênero. A partir desse itinerário de pesquisa, se o que se quer é resistir ao biopoder por meio de um acompanhar a potência dos corpos, sinaliza-se a importância da composição de uma clínica da experimentação, clínica artesanal, menor; clínica das passagens, da (des)aprendizagem, da abertura dos corpos para outras rotas, outras formas.