Receptor de dopamina D4 : estudo da variabilidade e evolução em populações ameríndias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Rodrigues, Luciana Tovo
Orientador(a): Hutz, Mara Helena
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/26621
Resumo: O DRD4 é um dos genes mais variáveis do genoma humano. Seu terceiro éxon contém um polimorfismo do tipo VNTR de 48 pb cujas variantes apresentam uma grande diversidade em populações humanas. Além disso, interno ao VNTR, muitos polimorfismos do tipo SNPs são observados, totalizando 74 diferentes haplótipos descritos em humanos até o momento. O alelo de sete repetições do VNTR é descrito como o mais freqüente em populações nativas da América do Sul e possivelmente esteja sob efeito de seleção positiva. Como o DRD4 tem sido considerado gene candidato em diversos estudos de associação com doenças psiquiátricas e como os nativos da América do Sul constituem um dos três grupos parentais das populações atuais desse continente, é importante que a variabilidade nesse locus seja conhecida nessas populações. Neste estudo foi avaliada a variabilidade genética do terceiro exon do gene DRD4 em 172 indivíduos das populações Kaingang e Guarani do centro-sul do Brasil. Além disso, o seqüenciamento do alelo 7R foi realizado em indivíduos homozigotos para esse alelo. Foram adicionados os dados da literatura relativos a outras populações para o mesmo polimorfismo objetivando re-avaliar a variabilidade genética deste locus na América do Sul. As análises incluíram 18 populações, totalizando 568 indivíduos. A freqüência do alelo 7R observada nas populações Kaingang e Guarani foi intermediária às observadas em populações amazônicas e às populações nativas da Argentina. A análise dos haplótipos obtidos pelo seqüenciamento revelaram que as populações Kaingang e Guarani-Kaiowá apresentam apenas o haplótipo mais comum na populações mundiais, enquanto que na população Guarani-Ñandeva foram identificados três haplótipos, um deles já descrito exclusivamente nos Suruí. A relação genética por distância DA indicou que populações classificadas como caçadoras-coletoras são mais próximas entre si, formando um agrupamento separado das populações classificadas como predominantemente agriculturalistas. Corroborando esses resultados, o Teste Exato de Fisher revelou um excesso de alelos 7R nas populações predominantemente caçadoras-coletoras quando comparadas às agriculturalistas e a freqüência do alelo 7R apresentou correlação positiva com a latitude, evidenciando uma maior freqüência do alelo 7R no norte, onde estão localizadas a maioria das populações caçadoras-coletoras estudadas. Nossos resultados apresentam uma evidência indireta da atuação da seleção natural no gene DRD4. É possível que esse gene tenha influenciado o comportamento das populações nativo-americanas, tendo sido vantajoso naquelas populações em que o comportamento exploratório e a caça e a coleta foram predominantes. Estudos envolvendo um maior número de populações caçadorascoletoras ao sul do continente seriam necessários para melhor entender os padrões observados na América do Sul em relação ao DRD4.