Onde repousa o repúdio : mobilização laboral e experimentação subjetiva em uma cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Mesomo, Juliana Feronatto
Orientador(a): Damo, Arlei Sander
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/229741
Resumo: Esta tese aborda processos de subjetivação desenvolvidos em meio às rotinas laborais, familiares, comunitárias e escolares de pessoas cujas vidas transcorrem no município de Alvorada, pertencente à Região Metropolitana de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul (Brasil). A partir do acompanhamento, durante seis meses, da rotina de jovens e trabalhadores no município, traço um panorama das condições materiais, políticas e subjetivas que levaram à exploração de novas possibilidades em relação a cada um dos universos com os quais meus interlocutores estavam em contato: as relações salariais, o consumo, o engajamento com projetos educativos e/ou profissionalizantes, a aposta em pequenos negócios e, por fim, a convivência com a violência associada ao tráfico de drogas que determinava algumas restrições, sobretudo, na vida dos jovens. A interação diária e a interlocução com meu principal colaborador da pesquisa, Alexandre, a observação e as entrevistas realizadas em dois espaços de formação profissional – o Centro Municipal de Educação Profissional Florestan Fernandes e o Centro da Juventude de Alvorada – e as conversas com donos de pequenos negócios formaram meu espaço de problematização durante o período em que realizei trabalho de campo na cidade. Em diálogo com Alexandre, abordo as oscilações materiais que condicionaram as experimentações subjetivas nos últimos anos, abarcando os períodos de aquecimento (entre 2004 e 2014) e desaquecimento da economia nacional (entre 2016 e 2019). Analiso também o impacto das “transformações” que o engajamento com os estudos teve na sua trajetória pessoal, “transformações” que foram o ponto de partida para a formulação de um discurso original sobre a condição proletária. Prolongando algumas expectativas de Alexandre, encontro, entre os donos de pequenos negócios, uma preocupação com o cultivo de si que se realizava, de maneira tensa, na venda de serviços e mercadorias. A partir das observações e entrevistas na escola de formação profissionalizante CMEP Florestan Fernandes, apresento a dinâmica desejante que sustentava a construção dos espaços de aprendizagem profissional. Tal dinâmica se configurava como uma oscilação entre, por um lado, um microagenciamento de desejo que acolhia e animava as expectativas de autotransformação das pessoas e, por outro, um microequipamento de poder que buscava tornar útil seu desejo do ponto de vista da mobilização econômica. No Centro da Juventude, onde os jovens eram convidados a imaginar novas possibilidades de estudo, trabalho e organização compatíveis com sua inserção laboral, instalava-se uma tensão referente ao lugar que eles mesmos deveriam ocupar no processo de decisão sobre seu presente e seu futuro. Perfazendo um movimento que parte do detalhamento reflexivo das condições de possibilidade da subjetivação rumo à exploração mais pontual da crítica imanente que ela desencadeia em determinados mundos, concluo que os processos de subjetivação não são apenas uma reação a variáveis já dadas pelos diagramas dispostos pelo poder. Eles são, antes, um esforço localizado nas bordas dos processos de sujeição que insinuam uma ruptura possível e apontam alguns princípios de crítica imanente às situações nas quais irrompem.