Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Azevedo Junior, Jose Bernardo de |
Orientador(a): |
Barros, Diana Luz Pessoa de |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://dspace.mackenzie.br/handle/10899/28970
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Resumo: |
À luz da Semiótica de linhagem francesa, esta tese objetiva compreender como se constituem os efeitos de sentidos nas cartas dos suicidas publicadas na rede social Facebook, nos anos de 2018 a 2020, e como se dá a articulação das estratégias linguísticas-discursivas no reconhecimento e nas transformações das competências modais do sujeito que põe um fim a própria vida. Em minha jornada acadêmica como docente no Ensino Superior, recebi uma postagem de um suicida que era aluno na universidade em que trabalhei. A partir daí, surgiram algumas inquietações. Será possível reconhecer os traços de um suicida por meio das redações, dos textos verbais, ou dos trabalhos desenvolvidos em sala de aula? Se o docente fosse competencializado por meio dos estudos discursivos, será que ele teria a percepção de que o aluno seria um futuro suicidado? Assim, iniciou-se a pesquisa norteada pelas indagações: não seria o suicídio um gesto de comunicação como sendo a transmissão de uma mensagem solitária para a sociedade? O ato violento do suicidado faz com que o sujeito busque se comunicar com sua última mensagem porque, possivelmente, a sociedade não lhe permitiu antes que o fizesse? Qual é o sentido em tornar pública uma carta de suicídio pela Internet? Partimos de duas hipóteses. A primeira sendo que o suicidado acreditou em alguém, e frustrado, ele se decepciona com a sociedade – ou com ele mesmo – e resolve fazer mal a quem ele acredita ser o causador dessa decepção. A segunda é o uso da Internet como uma maneira de eternizar a sua morte como forma de revolta às pessoas envolvidas em suas frustrações. Como o suicidado publicou uma carta, é possível investigar os efeitos de sentido passionais derivados de organizações provisórias de modalidades, de intersecções e combinações entre modalidades diferentes, o que nos permite apurar se a postagem foi marcada pela paixão malevolente do querer/poder fazer mal ao sujeito que não cumpriu o contrato fiduciário. Isto posto, a mola propulsora desta pesquisa está alicerçada no objetivo de detectar e estabelecer as características discursivas das cartas dos suicidados publicadas no Facebook, sobretudo no que tange as organizações enunciativas e narrativas, temático-figurativas e passionais. Nos dias de hoje, não são bilhetes escritos manualmente. A comunicação no século XXI se apresenta como o tempo das mídias digitais e interativas. Dentro dos estudos do texto e do discurso, debruçamo-nos no arcabouço teórico-metodológico da Semiótica Discursiva que tem por objeto o texto e concebe o modo de sua produção como um percurso gerativo, num processo de enriquecimento semântico, enxergando o texto como um conjunto de níveis de invariância crescente, cada um dos quais suscetível de uma representação metalinguística adequada. A pesquisa contou com os estudos discursivos instituídos por Algirdas Greimas e sua aplicação por Jacques Fontanille na semiótica das paixões. Também utilizamos os trabalhos dos semioticistas Diana Barros, Erick Landowski e José Luiz Fiorin. O que se concluiu nas postagens é o surgimento de uma pessoa decepcionada e frustrada que acreditou no autoextermínio como forma de vingança e revolta a quem lhe fez algum mal. Os temas como a intolerância, a negligência, o heroísmo, a depressão e o próprio suicídio – sendo formas discursivas marcadas pela afetividade, nascidas de percursos passionais que o sujeito assume -, ocuparam lugar de destaque e engendraram, em meio a uma prática semiótica, uma forma de vida específica. A investigação revelou também a presença de seis aspectos comuns às narrativas sendo subjetivação subvertida; impotência e frustração; sofrimento; culpa/infelicidade; gratidão e agradecimento; recados e posteridade. |