Implantação e testagem de um modelo escalonado de avaliação de sinais precoces de autismo na atenção básica de saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Ranalli, Nadia Maria Giaretta
Orientador(a): Teixeira, Maria Cristina Triguero Veloz
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Presbiteriana Mackenzie
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://dspace.mackenzie.br/handle/10899/28889
Resumo: Introdução: a identificação precoce de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) deve ocorrer nas ações de puericultura da Atenção Básica à Saúde. Entretanto, profissionais da saúde das Redes de Atenção à Saúde do país necessitam de ser devidamente capacitados sobre o transtorno e para uso de instrumentos de rastreamento de sinais de TEA, recomendados pelo Ministério de Saúde. Objetivos: desenvolver e implementar um curso de capacitação sobre marcos esperados de desenvolvimento e sobre TEA para profissionais da Atenção Básica à Saúde e testar um modelo escalonado de avaliação de indicadores precoces de TEA. Método: o desenho do estudo foi longitudinal com medidas repetidas e foi desenvolvido no município de Cotia, no estado de São Paulo. O estudo foi conduzido em seis fases ao longo de 30 meses. A amostra selecionada sob critérios de conveniência foi composta por dois grupos: a) 97 profissionais dos equipamentos Unidades Básicas de Saúde (UBS) da Atenção Básica à Saúde, 87,23% são do sexo feminino com idade entre 27 e 63 anos (média=44,54; desvio padrão= 9,32), 12 auxiliares de enfermagem (5,30%), 46 técnicos de enfermagem (20,35%) e 39 enfermeiros (17,25%); b) 267 mães ou cuidadores principais de uma amostra elegível de 3601 crianças entre 16 e 57 meses atendidas nas ações de puericultura e vacinação das UBS. Os instrumentos de coleta de dados foram: Questionário para avaliação de conhecimentos sobre marcos de desenvolvimento típico e sinais precoces de alerta para TEA; Curso de capacitação sobre marcos esperados de desenvolvimento e sinais de alerta para TEA na 1ª infância; Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT), Inventário de Comportamentos Autísticos (ICA) e questionário de avaliação de participação no estudo. Resultados: a média de acertos do questionário de avaliação de conhecimentos e práticas foi muito baixo, principalmente na parte de conhecimentos (média de acerto de 5,23 de 14 pontos na parte de conhecimentos e 5,64 de 8 pontos na parte prática). Os profissionais da enfermagem identificaram 67 crianças com risco para TEA (25,09% do total). Os profissionais da atenção básica acertaram 88% dos casos classificados como sem risco para TEA e acertaram somente 44% dos casos classificados com risco para TEA se comparado com a avaliação do especialista. A análise de razão de chance demonstrou que as classificações de risco para TEA realizadas pelos profissionais apresentaram 5,76 vezes mais chance de também receberem a mesma classificação na avaliação do especialista [X2(gl)=4,86; p=0.03]. As crianças do sexo masculino apresentaram 6,49 vezes mais chance de serem classificadas com risco para TEA em comparação com as crianças do sexo feminino [X2(gl)=5,68; p=0.02]. Conclusão: a maior parte do grupo manifestou despreparo para identificar sinais de TEA nas ações de puericultura. Os resultados da avaliação dos profissionais sobre a qualidade da capacitação e ações de suporte para uso do M-CHAT nas rotinas de puericultura e imunização mostraram resultados positivos para a implantação do modelo escalonado e 49% manifestaram ser favoráveis à manutenção do M-CHAT nas rotinas de puericultura. Entretanto, 28% deles mostraram resistência ao uso, revelando a necessidade de ações de conscientização sobre o tema na atenção básica à saúde, bem como a necessidade de que gestores deem continuidade a este modelo de avalição identificando estratégias e ações que minimizem a sobrecarga.