Literatura brasileira contemporânea e as narrativas de uma nação (im)possível: parir um país, reaprender a nascer

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Della-Flora , Luana Jéssika
Orientador(a): Trevisan, Ana Lúcia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Presbiteriana Mackenzie
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://dspace.mackenzie.br/handle/10899/39382
Resumo: A proposta dessa pesquisa surgiu a partir de um sentimento de descaber, de um incômodo exacerbado pelo espaço-tempo no qual o trabalho se desenvolveu, isto é, a pandemia da Covid 19 e o Brasil sob o desgoverno de um fundamentalismo político reacionário liderado pela extrema-direita, mas cujas raízes se estendem até o período colonial com todas as suas inúmeras consequências; dentre elas, a própria hegemonia e difusão de determinada imagem de país e determinado conceito de nação brasileira — visão essa que apresentamos nos primeiros capítulos do trabalho a partir da análise de obras clássicas do pensamento social (FREYRE, 1933/2006; HOLANDA, 1936/2014) e da história da literatura brasileira (VERÍSSIMO, 1916/1963; CANDIDO, 1959/2017), haja vista que entendemos a nação como uma narrativa construída por diferentes discursos (HOBSBAWN, 1990), atrelados à criação do Estado burguês e a serviço dos interesses dessa conjuntura (SAES, 1985). Perguntamo-nos, então, qual espaço a literatura contemporânea produzida nacionalmente ocupa nesse cenário, ou seja, se e como ela pode oferecer outras imagens e conceitos de Brasil, no qual caibam as narrativas que foram deixadas à margem por essa historiografia socioliterária hegemonicamente difundida. Para tanto, a pesquisa se volta a alguns autores que refletem sobre as narrativas contemporâneas e o mercado literário atual, com destaque para a definição da literatura brasileira contemporânea como um arquipélago (IZABEL, 2023), originada da poética da relação proposta por Édouard Glissant (2005; 2014; 2023). Nesse cenário, verificamos uma estratégia literária que traz ao texto aquilo que, historicamente, foi marginalizado ou silenciado; um recurso narrativo que enseja a presença da oralidade, que enfrenta a memória coletiva e alcança as memórias subterrâneas: a narrativa reticular. Por fim, analisamos o romance O som do rugido da onça (2021), de Micheliny Verunschk, e a novela “A dívida”, de Pedro Cesarino (2023), demonstrando como a reticularidade se apresenta nessas narrativas e, consequentemente, como elas dão à luz um Brasil outro: um Brasil no qual o descabimento pertence aos que sempre tiveram espaço garantido.