OERA 9-99: desenvolvimento e validação inicial de um protocolo estruturado de rastreamento de autismo nível 1 para crianças, jovens e adultos.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Carassini, Amanda
Orientador(a): Paula, Cristiane Silvestre de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://dspace.mackenzie.br/handle/10899/40306
Resumo: O Protocolo de Observação Estruturada para Rastreamento de Autismo (OERA) é uma ferramenta de avaliação breve, padronizada e de baixo custo para detectar sintomas do Transtorno do Espectro Autista (TEA), que demonstra boas propriedades psicométricas para crianças de 3 a 10 anos de idade em sua maioria com deficiência intelectual. Encontramos poucas alternativas de instrumentos validados, de avaliação direta e de baixo custo para rastreio de TEA em jovens e adultos para realidade brasileira, o OERA é potencialmente uma ferramenta que poderia ser desenvolvida para essa faixa etária. Por isso, o objetivo deste estudo foi desenvolver e verificar evidências de validade de uma nova versão do OERA que abarcou crianças a partir de nove anos, jovens e adultos de nível um de suporte, o OERA-9- 99. O estudo contou três fases : (1) desenvolvimento do OERA-9-99 com medidas para os mesmos domínios em todas as faixas etárias, mas com provas diferentes para crianças de 9 a 12 anos, e jovens e adultos a partir de 13 anos, (2) fase pré-piloto para verificar a viabilidade das provas e validade de conteúdo do instrumento segundo análise de juízes utilizando o cálculo do coeficiente de validade de conteúdo da escala como um todo e a análise das pontuações por vídeo e (3) estudo piloto para verificar se o OERA 9-99 seria capaz de discriminar pessoas com TEA (N=10) de pessoas com desenvolvimento típico (N=11) segundo Coeficiente de Validade de Conteúdo (CVC), teste kappa de fleiss, kappa de Cohen, indicador AC2 (Agreement Coefficient) de Gwet, teste de qui quadrado (χ²) e a curva ROC para investigar os parâmetros de sensibilidade (diagnósticos de TEA corretos) e especificidade (discriminação correta dos controles). A versão final do OERA 9-99 contou com 26 provas, sendo 10 específicas (que consideram o desempenho do avaliando em 10 provas diretamente testadas contemplando diferentes habilidades) e 16 globais (que levam em conta o desempenho dos avaliandos na avaliação completa). Os resultados indicaram que a maioria das provas apresentaram um aceitável (> 0,80) em relação a pertinência prática, clareza da linguagem e relevância teórica; com exceção da prova 5 (CVC = 0,65, considerado abaixo do aceitável.). Os indicadores de concordância seguiram dois modelos estatístico, o primeiro, segundo o kappa de fleiss, demonstrou concordância muito fraca (0 a 0,20) na maioria das provas, com exceção das provas 1, 8 e 10 que atingiram níveis de concordância moderados ou bons (0,71/ 0,50/ 0,60/0,57); já na análise do Kappa de Cohen observou-se que , as provas 1, 5, 7, 8.1 e 9 apresentaram concordância de Kappa moderada (variando entre 0,21 e 0,40), enquanto as demais provas mostraram concordância substancial ou quase perfeita. A literatura ressalta as limitações do coeficiente Kappa, apesar de sua ampla 8 utilização como medida de concordância, para superar essas limitações, o coeficiente de concordância AC2 foi proposto visando fornecer estimativas mais robustas de concordância por meio de cálculos mais adequados, assim observou-se que o indicador AC2 apresentou uma concordância maior (mais próxima de 1,0) nas provas 13, 14, 15, 16, 20, 21, 22, 23 e 25. O teste χ² indicou uma associação significativa (entre associações entre a opinião diagnóstica das pontuadoras e o diagnóstico real dos pacientes avaliados) [χ²(1) = 27,494, p < 0,001, V = 0,809] com um tamanho de efeito alto (V > 0,5). Por fim, verificou-se um bom potencial discriminativo do OERA 9-99 na diferenciação entre jovens e adultos com TEA e sem TEA. A análise da Curva ROC apresentou uma AUC significativa de 0,955 (p < 0,001), indicando que o instrumento identificou corretamente 95,5% dos casos. O melhor ponto de corte identificado foi o escore 9, que apresentou 90,00% de sensibilidade e 90,91% de especificidade. Concluiu-se que o OERA 9-99 demonstrou sua capacidade de operacionalizar e mensurar sinais e sintomas descritos nos manuais internacionais de avaliação, oferecendo uma abordagem estruturada e consistente. Além disso, foi bem avaliado por quatro juízes especialistas em TEA, destacando sua relevância e adequação como instrumento para identificação de TEA entre crianças, jovens e adultos de nível um de suporte. Por fim, o instrumento apresentou uma tendência promissora para discriminar indivíduos com TEA daqueles sem o transtorno, indicando seu potencial para contribuir no processo de triagem.