A expressão do percurso na gramática do português

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Oliveira, Pedro Henrique Truzzi de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/243346
Resumo: Este trabalho se debruça sobre expressões de percurso no português escrito e falado, visíveis em expressões completas como João veio da escola para minha casa pela estrada velha, em que aparecem constituintes nas funções Ablativo, Alativo e Perlativo, respectivamente. O objetivo desta dissertação é analisar o modo como a gramática do Português brasileiro codifica esse tipo específico de relação espacial, conhecido como Percurso (Path) com base em ocorrências reais retiradas de uma amostra falada, (Amostra Censo do Corpus Iboruna) e de uma amostra escrita (edições semanais da Revista CartaCapital). Os dados da amostra assim constituída foram submetidos, por sua vez, a seis critérios de análise: (i) natureza da relação espacial de percurso: (a) de locomoção; (b) de localização; (c) de cenário, que, por sua vez, podem ser identificados como percursos de ocorrência ou de processo (HUUMO, 2014); (ii) conceptualização do percurso: factivo ou fictivo (TALMY, 2000; LANGACKER, 2008); (iii) categoria conceptual das porções do percurso enunciadas: inicial, medial e final (TALMY, 2000); (iv) categoria semântica da relação locativa: Ablativo, Perlativo e Alativo ou mesmo duas delas ou todas as três; (v) categoria da preposição introdutória do Sintagma Adposicional (Adp): gramatical ou lexical (vi) natureza argumental dos locativos em relação ao molde de predicado envolvido. Os critérios foram estabelecidos com base no arcabouço da Gramática Discursivo-Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), da Gramática Cognitiva (LANGACKER, 2008), nos conceitos de linguística cognitiva de Talmy (2000), bem como nos tipos de relação de trajeto postulados por Huumo (2014). Assume-se como principal hipótese que a conceptualização de diferentes tipos de percurso está correlacionada a diferenças de formulação semântica e de codificação morfossintática. Os resultados apontam para uma preferência pela codificação de percursos de locomoção, factivos por natureza, sobretudo na língua falada, ficando os percursos de localização e cenário restritos aos casos de percursos fictivos. Nota-se também que os casos de porção conceptual são majoritariamente correspondentes à formulação semântica dos locativos e à codificação morfossintática por preposições, denotando uma relação de transparência entre o que é conceptualizado pelo falante, com a formulação semântica resultante, e as escolhas morfossintáticas que codificam mais adequadamente esses processos. Exceções possíveis residem nos casos de percursos de cenário, que evocam todos os pontos do trajeto pelo escaneamento de um evento ou de uma entidade, tratando-se de um percurso exclusivamente conceptual. Quanto aos conectivos, nota se uma preferência, mais evidente na modalidade falada, pelo uso de preposições gramaticais ao de lexicais (PEZATTI et alii, 2010). Essa preferência é consistente com os resultados da argumentalidade, já que a natureza gramatical da preposição tende a introduzir argumentos , enquanto os casos introduzidos por preposição lexical ora introduzem argumentos, ora modificadores.