Astronomia, de Mário Cláudio: autoficção, homoerotismo e multiplicidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Barili, Renan Augusto [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/210470
Resumo: Astronomia (2015), de Mário Cláudio, fabula a trajetória do escritor português contemporâneo, constituindo-se numa versão ficcional de sua história de vida. Por isso, para a presente análise da obra do autor, é imprescindível partir da categorização genológica da autoficção biográfica, termologia surgida dos estudos pós-Doubrovsky, considerado o pioneiro do gênero autoficção, e que coincide com as principais características e marcas estéticas do texto em foco. Com nítidas consonâncias com uma poética do pós-modernismo, o romance Astronomia pode ser lido a partir das principais ênfases da construção literária, tal como postulada por Ítalo Calvino, em Seis Propostas Para o Próximo Milênio (2016), sobretudo o conceito de “multiplicidade”. Assim, a ideia centra-se na análise do romance Astronomia, como uma autoficção da homossexualidade em Portugal, onde se evidenciam a repressão, a violência e a quase obrigatoriedade de se manter as “sexualidades periféricas” no armário durante a ditadura do Estado Novo de Salazar, momento que corresponde com a infância, a adolescência e o início da vida adulta do protagonista. Para além desse tempo político ditatorial, há um enfoque na era pós-Revolução dos Cravos (1974), enquanto tempo demarcado pela consolidação da liberdade de expressão das subjetividades sexuais que se afastam da heteronormatividade. A proposta, portanto, constitui uma leitura do romance Astronomia como uma autoficção biográfica, onde também se observa uma resistência da homossexualidade diante do quadro de repressão em Portugal, focando, desde os anos iniciais e das primeiras impressões da homossexualidade do protagonista, até se chegar à atualidade, possibilitando, assim, refletir sobre a questão da homofobia e do direito de existência de todos aqueles que desafiam a normatividade e ousam dizer o nome do seu amor.