Dinâmica climática, excepcionalidades e vulnerabilidade: contribuições para uma classificação geográfica do clima do estado do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Armond, Nubia [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/154354
Resumo: O estado do Rio de Janeiro possui significativa multiplicidade geográfica, tanto no que se refere a suas feições orográficas e diversidade climática, quanto aos diferentes padrões de produção do espaço existentes em seu interior. Diante dessa complexidade, o conhecimento sobre a variabilidade espaço-temporal dos elementos do clima no Estado é fundamental para fins de planejamento e gestão do território. Esta tese se propõe a realizar uma reflexão sobre as classificações climáticas em Geografia, com vistas a efetuar uma análise geográfica do clima do Estado do Rio de Janeiro a partir da relação entre precipitação pluviométrica e vulnerabilidade. Parte-se da hipótese que, ainda que possa possuir distintas unidades de precipitação pluviométrica, as chuvas podem deflagrar excepcionalidades que são determinadas pelas diferenças nos padrões de vulnerabilidade do Estado. O arcabouço analítico de tese se assentou sobre as perspectivas da climatologia geográfica, do conceito de vulnerabilidade e da Geografia do Clima, ao propor uma investigação baseada na utilização dos conceitos de classificação climática, vulnerabilidade e episódios extremos pautados na categoria de espaço em suas concepções absoluto, relativo e relacional. Para tanto, foram utilizados dados climáticos de estações meteorológicas e postos pluviométricos do INMET e da ANA, com a aplicação de técnicas de estatística descritiva e multivariada desde o processo de preenchimento de falhas até a definição dos anos-padrão para análise. As representações cartográficas foram realizadas com o intuito de demonstrar a complexidade inerente à relação entre os fatores e elementos do clima em diferentes escalas. As médias de precipitação da série histórica analisada (1975-2015) demonstraram padrões similares àqueles exibidos pela Normal Climatológica, com as porções norte e noroeste do estado apresentando padrões de precipitação inferiores em relação às áreas a barlavento da Serra do Mar. No que se refere à gênese, mais de 90% da precipitação pluviométrica do estado do Rio de Janeiro advém da dinâmica de avanço da Frente Polar Atlântica – FPA e/ou sistemas associados (frente oclusa, frente fria, frente reflexa e formação de Zona de Convergência do Atlântico Sul – ZCAS). Sobre as massas de ar, as áreas próximas ao litoral sul, à Serra do Mar e a porções mais continentais do estado contam com participação significativa dos sistemas polares (massa polar atlântica e massa polar atlântica continentalizada - em média 29%), enquanto as áreas situadas no norte fluminense e setores mais próximos à faixa costeira apresentam, em média, 35% de participação dos sistemas tropicais (massa tropical atlântica, massa tropical atlântica continentalizada e instabilidade tropical), caracterizando o estado como pertencente a grande faixa de transição do sudeste brasileiro. Foram, ainda, empregados dados de ocorrências de inundações (bruscas e graduais) e dados referentes ao Censo de 2010 para aplicar o SoVI – Social Vulnerability Index e relacionar este modelo aos episódios extremos. Verificou-se que, a despeito da maior parte do território do estado do Rio de Janeiro apresentar elevadas condições de vulnerabilidade, a maioria das ocorrências coincidiu com as áreas de alta e muito alta vulnerabilidade. Entretanto, não necessariamente as áreas de maior atuação (em termos percentuais) da FPA e/ou sistemas associados coincidiram com os municípios que apresentaram maior número de ocorrências de inundações, o que denota a relevância de uma análise que considere a dinâmica climática não apenas em consonância, mas em relação com as dinâmicas de produção do espaço geográfico. Em síntese, buscou-se, com este trabalho, indicar reflexões através de argumentação teórica, procedimentos metodológicos, arsenal analítico e de representação, para futuras propostas de análise e classificação do clima considerando-o como um fenômeno eminentemente geográfico, tal como propõe a Geografia do Clima.