O papel do hormônio da tireoide 3,3',5 – Triiodotironina (T3) na expressão de Lipocalina 2 (LCN2) e sua possível contribuição em mecanismos fisiológicos de ingesta alimentar.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Andrade, Amanda Fantini de Camargo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/214261
Resumo: O hormônio tireoidiano 3,3',5 – Triiodotironina (T3) atua nas principais vias metabólicas, sendo sua ação mais representativa no aumento do metabolismo celular basal, que pode ocorrer de forma direta ou indireta através do estímulo de outras moléculas tróficas associadas em mecanismos fisiológicos. Desta forma, a compreensão da sua homeostase faz-se necessária considerando também condições de hipo e hipertireoidismo. Considerando esta perspectiva, tem sido mostrado que o tecido ósseo possui uma estreita relação que leva ao controle do metabolismo energético, sendo a molécula Lipocalina 2 considerada em aspectos centrais no controle do apetite. Neste contexto, com o intuito de melhor descrever possíveis vias metabólico-fisiológicas e seu comportamento através da exposição ao T3, o objetivo desse trabalho é avaliar o papel do hormônio T3 na expressão de Lipocalina 2 (LCN2) e sua possível contribuição em mecanismos fisiológicos de ingesta alimentar através do metabolismo de osteoblastos e adipócitos. Para isso, nossa proposta está dividida em 2 etapas, uma in vitro e outra in vivo. Nesta primeira etapa realizamos estudos in vitro, utilizando dois tipos celulares, pré-osteoblastos (MC3T3-E1) e pré-adipócitos (3T3-L1), submetidas a 2 tempos de tratamentos, 24h e 72h, em diferentes concentrações do hormônio T3, considerando: 1. Células sem tratamento (controle); 2. Eut: concentração fisiológica (1,5nM); 3. Hypo: concentração hipotireoidica (1nM); 4. Hyper: concentração hipertireoidica (2,0nM). As amostras foram apropriadamente coletadas e destinadas às diferentes metodologias. Nossos resultados mostraram que o T3 estimula um fenótipo de osteodiferenciação através de remodelamento de matriz extracelular (MEC) em todas as condições principalmente através da ativação dos biomarcadores clássicos desse fenótipo: genes RUNX2, OTX, BMP2-7 e metaloproteinases de matriz (MMPs)-2 e -9. Além disso, observamos que o T3 age em sinergismo a ativação dos genes LCN2 e OCN nas condições Hipo e Hipertireoidicas, por fim favorecendo processo de osteoclastogênese, destacado pela investigação do complexo RANKL/OPG, o qual apresenta papel central nesse mecanismo necessário ao remodelamento da matriz óssea. Ademais, o hormônio T3 promove significante atividade das MMPs nessas células. Em adição, estes resultados também trazem importante comportamento de adipócitos na expressão gênica de LCN2, OCN e RANKL nas condições Hipo e Hipertireoidicas. Soma-se aos resultados a modulação do perfil transcricional dos genes relacionados à reprogramação epigenética em osteoblastos e adipócitos, como TETs, DNMTs, e enzimas de processamento de miRNA (Dicer, Drosha e XPO5) e potenciais miRNAs (mir-143, 485, 23a/b e 335), sendo importantes para a compreender o envolvimento epigenético associado ao modelo proposto. Resultados mostram que T3 estimula a expressão de lipocalina 2 e sua liberação na matriz extracelular nos fenótipos de osteoblastos e adipócitos indicando atuação concomitante na indução de osteoclastogênese através do aumento significante de RANKL em concentrações não fisiológicas. Além disso, após realizarmos análises de bioinformática, através da ferramenta String, a qual utilizamos enriquecimento de redes PPI, observamos que as possíveis vias de sinalização que conectam Thrα e Lcn2 são vinculadas, também, à processos osteoclastogênicos, além de processos angiogênicos. Na etapa “in vivo” (n=5) foram considerados 5 grupos: Controle, Sham, Hypo, Veh e Hyper, os quais foram monitorados durante 21 dias, após esse período as amostras foram coletadas e destinadas a diversos ensaios e análises. Observou-se que ocorreu modulação na ingesta alimentar e aumento de peso, principalmente, no grupo Hyper, bem como alterações moleculares a partir do tecido adiposo, mostrando uma regulação positiva da LCN2 e MC4R no grupo Hypo. Já as análises histomorfométricas não mostraram diferenças significativas, assim, o T3 regula expressão de LCN2 em nível molecular, principalmente, em condições fisiopatológicas como o Hipotireoidismo. Logo, temos que compreensão em torno da sinalização endócrina e integração tecidual é um grande desafio nas áreas básicas, no âmbito molecular e fisiológico, neste contexto, nossos resultados elucidaram o sinergismo entre o hormônio tireoidiano T3 e a LCN2, e os destacam como potenciais alvos capazes de conectar o tecido ósseo e adiposo através da regulação endócrina e também, epigenética, facilitando assim, o rastreamento de alvos bioquímicos em disfunções metabólicas.