Glaucoma secundário a implante primário de lente intraocular em crianças. Revisão sistemática e metanálise.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silveira, Juliano de Marchi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/214733
Resumo: Introdução: As cataratas congênitas e do desenvolvimento representam uma séria ameaça ao sistema visual da criança e devem ser removidas de forma precoce quando atingem o eixo visual, a fim de prevenir a cegueira por ambliopia. A reabilitação visual após a cirurgia inclui o uso de óculos, lentes de contato ou implante de lentes intraoculares (LIOs). No entanto, a cirurgia, principalmente a realizada durante o primeiro ano de vida, apresenta um risco significativo de glaucoma pós-operatório, particularmente em crianças operadas antes da quarta semana de vida e em olhos que permanecem afácicos. A implantação primária de LIO seria um fator protetor, pela barreira criada entre as câmaras do olho, impedindo a circulação de metabólitos da dopamina; porém ainda não existe consenso sobre a eficácia desta proteção e sua influência sobre olhos operados precocemente. Objetivo: avaliar a incidência de glaucoma secundário, em crianças com catarata submetidas à facectomia com e sem implante primário de LIO. Métodos: Uma revisão sistemática da literatura foi realizada com a metodologia Cochrane e plataformas eletrônicas de busca para identificar estudos que envolvessem a comparação aleatória de facectomia com implante primário de LIO versus facectomia sem implante de LIO em crianças com catarata, operadas até dois anos de idade e com seguimento de pelo menos 12 meses. A qualidade da evidência foi avaliada pelo sistema GRADE (Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation). Resultados: Foram incluídos nove estudos com 801 crianças e 1012 olhos operados. A facectomia com implante de LIO foi superior à afacia no desfecho incidência de glaucoma (RR 0,62 [IC 95% 0,41 a 0,93]; p= 0,02 e I2= 31%); No entanto, não houve diferença na incidência de glaucoma entre facectomia com e sem LIO, em casos de cirurgia unilateral (RR 0,67 [IC 95% 0,42 a 1,09]; p=0,10 e I2=11% e bilateral (RR 0,58 [IC 95% 0,30 a 1,10]; p=0,10 e I2=24%). O tipo de cirurgião não influenciou a incidência de glaucoma (RR 0,71 [IC 95% 0,46 a 1,09]; p=0,12 e I2=29%), nem o implante secundário de LIO (RR 0,94 [IC 95% 0,22 a 3,98]; p=0,94 e I2=0%). A cirurgia com implante primário de LIO foi superior à afacia, quando a cirurgia foi realizada antes de dois anos de idade (RR 0,62 [IC 95% 0,41 a 0,93]; p=0,02 e I2=31%), em função do resultado do subgrupo operado após 12 meses (p=0,0007), porém, nos olhos operados no primeiro ano de vida, não houve diferença entre os procedimentos (p=0,16). Conclusões: Existem evidências de baixa a alta qualidade de que a facectomia com implante primário de LIO está associada a menor risco de glaucoma secundário em crianças operadas antes dos dois anos de idade, especialmente entre 12 e 24 meses. O implante primário de LIO no primeiro ano de vida não foi superior à afacia. Novos estudos randomizados com tamanho amostral adequado são necessários para confirmar e aumentar a força das evidências encontradas. Palavras chave: catarata congênita, glaucoma, implante de lente intraocular, afacia, revisão sistemática.