Identificação de eventos intraoperatórios em um vídeo de simulação em laparotomia: estudo multinacional sobre cegueira por desatenção entre anestesiologistas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Mizubuti, Glênio Bitencourt [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/256651
https://doi.org/10.1007/s12630-024-02788-0
https://orcid.org/0000-0002-5515-829X
Resumo: Introdução e Objetivos: Erros médicos podem ocasionalmente ser explicados por cegueira por desatenção que é a falha em se perceber um evento e/ou um objeto que se encontra plenamente visível. O presente estudo objetivou determinar se a idade/experiência clínica, o cansaço, e a exposição prévia à educação em simulação de anestesiologistas podem afetar o fenômeno de cegueira por desatenção no ambiente anestésico-cirúrgico. Métodos: Neste estudo multicêntrico incluindo instituições brasileiras, canadenses, e de Hong Kong, 280 anestesiologistas (amostra por conveniência) assistiram um vídeo que demandava alto grau de atenção envolvendo um paciente politraumatizado sendo submetido à laparotomia de emergência. Os participantes foram solicitados a anotar de maneira independente e anônima todas as anormalidades observadas. O vídeo continha 4 anormalidades esperadas/comuns (hipotensão, taquicardia, hipóxia, hipotermia) e 2 anormalidades inesperadas/raras (paciente sob anestesia geral movendo a cabeça, e desconexão de acesso venoso central) apresentadas de maneira proeminente ao longo do vídeo. O objetivo primário foi analisar a capacidade dos participantes em perceber os eventos (tanto esperados quanto inesperados) implantados no vídeo. O objetivo secundário visou avaliar a proporção de eventos esperados/inesperados de acordo com a faixa etária, o estado “descansado/afadigado”, e a exposição prévia à educação em simulação dos participantes. Resultados: Anestesiologistas de todas as faixas etárias foram menos capazes de perceber eventos inesperados/raros do que eventos esperados/comuns. No geral, os eventos esperados/comuns passaram menos despercebidos aos anestesiologistas mais jovens quando comparado aos participantes de idade mais avançada (P = 0.02). Não houve associação consistente entre idade e a percepção de eventos inesperados/raros (P = 0.28), embora a performance da coorte mais jovem (< 30 anos de idade) tenha sido melhor do que os demais grupos etários. Educação previa em simulação não afetou a proporção de eventos inesperados/raros que passaram despercebidos, mas esteve associada a menor número de eventos esperados/comuns que deixaram de ser notados. Por fim, o fato de os participantes se sentirem descansados ou afadigados não impactou sua percepção dos eventos em questão. Conclusão: Anestesiologistas perceberam menos eventos inesperados/raros do que eventos esperados/comuns que foram implantados em um vídeo envolvendo um paciente traumatizado, indicando a presença de cegueira por desatenção. Educação previa em simulação esteve associada a maior habilidade dos participantes em perceber eventos esperados/comuns, mas não reduziu a cegueira por desatenção. Nossos resultados podem ter implicações na compreensão de eventos adversos na área da saúde, assim como nos esforços para se melhorar a consciência situacional, especialmente em áreas de alta acuidade como no ambiente perioperatório e medicina intensiva e emergencial.