Prevalência de oclusopatias em jovens de 12 anos de idade: impactos físicos, sociais e emocionais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Gonçalves, Cláudia Silva [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/202314
Resumo: As oclusopatias representam um importante problema de saúde pública por apresentarem alta prevalência, possibilidade de prevenção, tratamento e promoverem prejuízos significantes na qualidade de vida dos indivíduos acometidos. Assim, torna-se fundamental a realização de estudos que investiguem a distribuição, a severidade e as consequências das oclusopatias em diferentes populações, visando contribuir para o desenvolvimento de estratégias e políticas públicas que minimizem a instalação e o agravamento das oclusopatias. Entretanto, nota-se que não há consenso sobre qual índice de oclusopatias melhor se adequa para a realização de estudos epidemiológicos, oferecendo critérios completos para classificar a presença, severidade e a necessidade de tratamento ortodôntico. Nesse contexto, a presente pesquisa teve como objetivos: realizar uma revisão de literatura sobre os índices de oclusopatias e analisar suas aplicações na saúde pública; e investigar a prevalência, severidade e necessidade de tratamento das oclusopatias e seus impactos na qualidade de vida relacionada à saúde bucal em adolescentes de 12 anos de idade. A revisão incluiu trabalhos nacionais e internacionais publicados nas bases de dados Pubmed, SciELO, Web of Science, Scopus, Bireme e Embase. A busca nas bases de dados considerou o período de 1899 a 2019 e utilizou os seguintes termos: saúde pública, métodos epidemiológicos, índices, levantamentos epidemiológicos, odontologia preventiva, maloclusão, oclusopatias e ortodontia. Foram incluídas publicações sobre o desenvolvimento e uso de índices de oclusopatias em estudos clínicos e epidemiológicos, sem restrições de metodologia e linguagem. Os títulos e resumos dos artigos encontrados foram avaliados e as versões completas das publicações elegíveis foram obtidas para leitura e análise. Cinquenta e dois índices e suas variações foram identificados e, desses, a maioria destinava-se a avaliações individuais, portanto sua utilização em saúde pública foi dificultada pelos requisitos de sua aplicação, como a necessidade de especialistas, análise de modelos de gesso, exames complementares como radiografias cefalométricas e fotografias, equipamentos específicos, necessidade de acompanhamento longitudinal dos casos, e avaliações exclusivamente objetivas ou subjetivas. Os índices apresentaram aspectos positivos ao analisarem parcialmente as condições físicas, funcionais, psicológicas e sociais, entretanto, ainda é um desafio encontrar um índice unânime para avaliação da necessidade de tratamento ortodôntico e os impactos das oclusopatias sobre a qualidade de vida dos indivíduos, com aplicabilidade em saúde pública. A segunda etapa desta pesquisa consistiu em um estudo observacional, transversal, analítico, do tipo inquérito, realizado com 453 adolescentes de 12 anos, matriculados em escolas públicas do município de Araçatuba-SP. A oclusão foi avaliada por meio do Índice de Estética Dental (DAI), enquanto o Child Perceptions Questionnaire11-14 (CPQ11-14) foi utilizado para avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde bucal. Os escores do CPQ11-14 foram comparados de acordo com o sexo e presença de oclusopatia por meio do teste de Mann-Whitney. A análise segundo a severidade da oclusopatia foi realizada por meio do teste de Kruskal-Wallis. A correlação entre a severidade da oclusopatia e a qualidade de vida relacionada à saúde bucal foi avaliada com base nos resultados dos escores do DAI e do CPQ11-14 por meio do teste de correlação de Spearman. A prevalência de oclusopatia definida ou superior foi de 53,86%, enquanto a oclusopatia muito grave ou incapacitante foi observada em 18,76% dos adolescentes. Houve correlação positiva significativa (r = 0,7006; p <0,0001) entre os escores do DAI e do CPQ11-14. Adolescentes com oclusopatias apresentaram escores totais do CPQ11-14, assim como escores dos domínios bem-estar emocional e social, significativamente maiores (p <0,05) comparados àqueles sem oclusopatia. O escore total do CPQ11-14 foi significativamente maior (p = 0,0251) nos adolescentes do sexo feminino (16,91 + 10,52) em relação aos do sexo masculino (14,61 + 9,70). A presença de oclusopatias foi elevada, com predomínio de oclusopatias classificadas como definidas, e com necessidade de tratamento eletivo. Essa condição impactou negativamente a qualidade de vida relacionada à saúde bucal dos adolescentes, principalmente os aspectos emocionais e sociais. O impacto das oclusopatias em diferentes aspectos da qualidade de vida deve ser considerado na elaboração de estratégias de diagnóstico e tratamento.