O mecanismo sacrificial em Poemas malditos, gozosos e devotos de Hilda Hilst

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Sampaio, Higor Alberto [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/99133
Resumo: O objetivo da pesquisa é propor uma leitura de Poemas malditos, gozosos e devotos (1984), de Hilda Hilst, a partir do tema e do paradigma do sacrifício. Segundo Hubert e Mauss (2005), o sacrifício é uma dádiva, um presente, que o homem religioso oferece a seres superiores aos quais lhe convém se ligar. Em todo o sacrifício, um objeto (a vítima) passa do domínio comum ao domínio sagrado. Bataille (1987) estabeleceu uma similitude entre o ato erótico e o sacrificial. O ato amoroso, segundo ele, não desintegra menos o ser que o sacrificante ao imolar sua vítima. O domínio do erotismo torna-se o domínio da violência, da violação. A parte feminina, enquanto vítima, se dissolve e a parte masculina toma o lugar do sacrificador, e ambos se perdem, durante a consumação do ato erótico, numa continuidade estabelecida por um ato que se fundamenta na destruição. Nesse sentido, uma vez que a obra de Hilda Hilst, desde seu surgimento, perscruta o Sagrado (COELHO, 1993), a relação entre erotismo e sacrifício é uma via privilegiada de leitura para essa poesia. Considerando-se o modo de representação do discurso poético hilstiano, que encena o jogo entre eu e tu, a leitura do conjunto evidencia a anulação do sujeito poético, configurando-se como vítima, e a figuração do Outro como grande sacrificador. O tema do sacrifício conteria em si uma possibilidade de elucidação do sentido estético dessa poesia, como a admissão mais radical de sua lógica contraditória, na qual a retórica místico-religiosa convive com o sensualismo mais desbravado. Nesse contexto, os paradoxos sobejam, fazendo comunicar o mais alto e o mais baixo, seja tematicamente, seja linguisticamente