Apropriações sociais e formativas das tecnologias digitais por adolescentes e suas relações com o ensino e aprendizagem na escola

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Analigia Miranda da [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/143439
Resumo: A presente pesquisa, inscrita na linha de pesquisa “Processos formativos, Ensino e Aprendizagem”, é constituída de duas questões fundamentais: os modos de apropriação e estratégias de aprendizagem mobilizadas por adolescentes em contextos de aprendizagem com o uso das tecnologias digitais e as práticas pedagógicas adotadas em tais contextos. Partindo desses pontos básicos propomos para a presente pesquisa dois objetivos: 1) identificar e analisar os modos de apropriação e estratégias de aprendizagem mobilizadas por adolescentes dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio em contextos de uso das tecnologias digitais; 2) identificar e analisar representações dos professores sobre as suas práticas no uso das tecnologias digitais no processo educativo, com vistas a refletir sobre diretrizes de um futuro modelo formativo docente pautado em pressupostos teórico-metodológicos consoantes com os processos de aprendizagem mobilizados por alunos em ambientes de aprendizagem virtualizados. A pesquisa assumiu abordagem qualitativa com delineamento descritivo-explicativo e possuiu três fases de coleta de dados: a) entrevista, do tipo semidirigida, com 11 professores que atuam nos anos finais do ensino fundamental e ensino médio; b) aplicação de questionário, do tipo semiestruturado, junto a 112 alunos dos anos finais do ensino fundamental; c) entrevista com princípios do método clínico com nove adolescentes entre 13 e 17 anos de idade. A análise dos dados se deu mediante a técnica da análise de conteúdo e eixos de análise determinados por meio do método clínico. O referencial teórico constituiu-se da abordagem vigotskiana de desenvolvimento humano e a abordagem da cognição distribuída, estabelecendo as relações destas com compreensões oriundas da teoria das Representações Sociais. Por meio da inter-relação dos dados presentes na entrevista, nos questionários e nas entrevistas clínicas, obtivemos como resultados que o aprender dos adolescentes fora da escola ocorre por meio de práticas socioculturais viabilizadas pelas tecnologias digitais, que refinam suas competências cognitivas quando promovem novas formas de socializar, de construir e de distribuir os saberes. No entanto, essa aprendizagem não corresponde ao que os adolescentes representam como aprendizagem de conteúdos escolares. Quando o conteúdo a ser aprendido é vinculado à escola, os adolescentes pautam os seus processos de aprender a modelos pedagógicos tradicionais que priorizam a linearidade e a centralização dos saberes. Por outro lado sentem a inadequação da escola frente ao contexto sociocultural e se mostram apáticos aos processos educativos nela vigentes. Os professores desconhecem a nova cultura da aprendizagem da qual os alunos participam e têm representações sociais relacionadas ao uso das tecnologias pelos alunos voltadas ao entretenimento, desconsiderando a dimensão da aprendizagem. As compreensões construídas nesta investigação nos permitiram assumir que o aprender é um processo estendido para além dos muros escolares. O uso das tecnologias digitais pelos indivíduos promove práticas socioculturais que incidem diretamente nos processos de aprender. A participação dos adolescentes nas redes, consumindo, agindo e distribuindo saberes faz com que as tecnologias digitais sejam mais do que recursos para acesso à informação, mas elementos mediadores que agem sobre os processos cognitivos dos adolescentes. No entanto, não há práticas pedagógicas direcionadas às necessidades formativas dos alunos e a instituição escolar vivencia um embate entre as práticas pedagógicas tradicionais e o aprender dos alunos, que têm nas tecnologias digitais instrumentos do pensar e de desenvolvimento sociocognitivo. Esperamos que os resultados da presente pesquisa contribuam para a formulação de propostas de formação docente que se volte para a compreensão do contexto sociocultural e para as diversas experiências relacionadas ao processo do aprender.