Inovação e hibridez. A disseminação da escola primária em Mato Grosso (1945-1965): grupos escolares, escolas reunidas e escolas isoladas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Santos, Elton Castro Rodrigues dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/154788
Resumo: No alvorecer do Período Republicano, a educação primária passou a ser uma das preocupações dos governantes mato-grossenses, pois a busca por um modelo educacional de qualidade era idealizado pelo poder público de Mato Grosso. Assim, foram realizadas tentativas legais a fim de colocar a educação estadual no cenário nacional como uma unidade federativa avançada e desenvolvida. No regime republicano, já haviam sido promulgados em Mato Grosso dois Regulamentos da Instrução Pública Primária, em 1891 e em 1896. Ambos não trouxeram resultados significativos, pois o primeiro indicou a obrigatoriedade escolar com a fiscalização das famílias que não matriculassem seus filhos na escola e o pagamento de multa, caso isso não ocorresse. No entanto, não havia preocupações com as unidades escolares e tampouco com a oferta educacional para toda população do Estado. O segundo Regulamento organizou a instrução dividindo o ensino em primário e secundário, as escolas receberam as denominações de elementar, para o 1º grau, e escola complementar, para o 2º grau, mas, mesmo assim, não ocorreram mudanças significativas na qualidade e expansão da educação. Outra tentativa do poder público ocorreu no período republicano e se efetivou por meio do Regulamento promulgado em 1910 e instituiu o modelo de escola graduada, representada pelos Grupos Escolares. A educação recebeu uma injeção de ânimo, por se acreditar que esse modelo de organização, dados seus requisitos e condições de funcionamento, contribuiria para a resolução da qualidade do ensino no estado. No entanto, dadas a característica rural, a densidade populacional e a insuficiência de recursos financeiros, não foi possível disseminar a estrutura física e o material didático necessários, bem como qualificar o pessoal que deveria compor a equipe de trabalho dos grupos escolares. Nesse contexto, mesmo com críticas a sua qualidade, o modelo de escola isolada foi o que cresceu no estado de Mato Grosso. Um novo Regulamento da Instrução, editado em 1927, instituiu também o modelo de escolas reunidas, pensadas como organização intermediária entre as escolas isoladas e os grupos escolares, destinadas a melhorar a qualidade educacional e preparar a expansão dos grupos escolares. O presente trabalho toma esse contexto legal como pano de fundo para discutir a rigidez interpretativa sobre os modelos escolares. Fazendo uso de fontes documentais (legislação, relatórios oficiais e mensagens de governo), de dados estatísticos, de bibliografia analítica sobre a educação mato-grossense e de depoimentos orais, o presente estudo objetiva descrever os diferentes modelos utilizados e implementados para a disseminação da instrução primária. Delimitado ao período compreendido entre 1945 e 1965, no qual a educacional do estado foi pautada pela estabilidade legal, este trabalho pretendeu demonstrar que, mesmo com as transformações políticas e econômicas, as escolas criadas em Mato Grosso caracterizavam-se pela hibridez entre modelos organizacionais, de modo a se adaptarem às condições demográficas e estruturais da localidade em que eram instaladas, sem obedecerem, necessariamente aos padrões definidos legalmente. Para alcançar esse resultado adotou-se a metodologia da História Oral, contrapondo as fontes oficiais geradas pelo poder público e as narrativas de professoras (es) que atuaram na educação de Mato Grosso no período delimitado. A História Oral possibilitou contrapor o discurso público de que as normativas educacionais eram rigorosamente seguidas e descortinou uma versão dos fatos a partir dos sujeitos que participaram desse relevante momento: professora(es) que estudaram ou que trabalharam nas escolas reunidas, no período entre 1945 a 1965.