Consumo de amido ou gordura sobre a digestibilidade, metabolismo energético e saúde de jabutis (Chelonoidis carbonaria)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Di Santo, Ludmilla Geraldo [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/211034
Resumo: Jabutis são répteis que, em cativeiro, comumente apresentam desordens metabólicas como a lipidose hepática, em decorrência de dietas desbalanceadas e com elevado teor energético. O presente estudo teve como objetivo avaliar os parâmetros nutricionais, metabolismo energético e relacionados à saúde geral com enfoque no tecido hepático de jabutis adultos alimentados com rações extrusadas com elevados teores de amido ou gordura comparadas com dieta Controle contendo alta fibra. Foram utilizados 44 jabutis adultos, machos e fêmeas, distribuídos em três rações extrusadas (Controle, Amido e Gordura), totalizando 15 repetições (jabutis) por tratamento, exceto na dieta Amido (14 jabutis) devido ao óbito de um animal durante a adaptação. O período experimental teve duração de 19 meses, e incluiu: coleta de sangue para análises bioquímicas, do metabolismo de gordura e hematológicas nos dias 4 (basal), 183 e 369 (final); biopsia hepática em 18 jabutis para avaliação histopatológica basal (dias 1 a 3) e final (366 a 368); avaliação da preferência alimentar nos dias 5 a 19 (avaliação individual) e 575 a 587 (avaliação coletiva); avaliação do tempo de trânsito gastrointestinal, ensaio de digestibilidade e determinação de ácidos graxos voláteis, lactato, amônia e pH fecal (dia 120 a 270); determinação do gasto energético de repouso por respirometria (dias 423 ao 437); avaliação do gasto energético diário, composição de água corporal e fluxo de água corporal pelo método da água duplamente marcada - DLW (dias 60 a 75 – basal; dias 447 ao 469 - final); determinação da composição corporal pelo DEXA (dias 366 a 368) e dos teores de lipoproteínas plasmáticas (dias 572 a 573). Os dados foram submetidos a análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P < 0,05). A digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, amido, extrato etéreo e da energia foi maior na dieta Amido (P<,0001), sendo que o extrato etéreo foi em grande parte eliminado nas fezes. Os produtos de fermentação intestinal microbiana não diferiram entre as dietas experimentais (P>0,05), mas apresentaram valores abaixo ao encontrado em répteis herbívoros fermentadores como a iguana. O consumo de fibra digestível foi maior na dieta Controle, de amido digestível na dieta Amido e de extrato etéreo digestível na Gordura (P<0,05), mas não houve diferenças quanto a energia digestível. Todos esses fatores culminaram no crescimento do animal e ganho de peso ao longo do período experimental, sendo semelhante entre as dietas. Parâmetros hematológicos e de bioquímica sérica encontram-se dentro dos valores de referência, em geral, não houve efeito de dieta (P>0,05), mas sim de sexo e período (P<0,05). A ração Amido proporcionou maiores teores nas enzimas hepáticas e nos valores de colesterol sérico, lipoproteínas HDL e LDL para os machos. As lipoproteínas mantiveram o padrão de composição de colesterol e triglicerídeos semelhantes ao encontrados em mamíferos e foram influenciadas pela vitelogênese das fêmeas. Apesar do baixo aproveitamento do extrato etéreo, a ração Gordura proporcionou maiores teores de VLDL carreadoras de triglicerídeos e colesterol nas fêmeas, acompanhada por elevadas concentrações totais de triglicérides (P<0,05). Já a fração LDL colesterol e triglicérides teve elevações vinculadas ao consumo da dieta Controle. Ao exame histopatológico houve redução na esteatose hepática, mas alterações como hemossiderose, aumento em melanomacrófagos e deposição de lipofucsina foram presentes nas amostras do período final. Houve efeito de dieta na presença de lipofucsina com esta em menor grau na dieta Amido (P=0,021). Composição corporal avaliada pelo DEXA indicou menor densidade mineral óssea e conteúdo mineral nas fêmeas, além de apresentar maior massa magra (P<0,001). Ao utilizar DLW, não houve efeito da dieta na avaliação da composição corporal. A produção de CO2 e o gasto energético foram maiores no período basal (P<0,05) por influência da temperatura ambiental mais elevada acrescida do maior peso corporal. O fluxo de água corporal foi constante independente de dieta e período (P>0,05). O gasto energético pela calorimetria indireta, foi semelhante entre as dietas e menor ao encontrado pela DLW. Como a gordura da dieta foi eliminada nas fezes em quase sua totalidade não houve efeito desse substrato nos parâmetros de saúde e metabolismo. A manutenção da composição corporal independente de dieta proporcionou gasto energético com restrição de atividade, ao início do período digestivo, de 9,68±1,04 kJ/kg/dia e ao considerar os animais sob atividade muscular e reprodutiva de 22,86±2,30 kJ/kg/dia.