A puella na elegia de Ovídio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Vansan, Jaqueline [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/214415
Resumo: O gênero elegíaco latino, desenvolvido em Roma no século I a. C. e representado pelas obras supérstites de Tibulo, Propércio e Ovídio, caracterizava-se principalmente pela metrificação em dísticos elegíacos – estrofe que alternava um hexâmetro datílico (verso de seis pés métricos) e um pentâmetro datílico (verso de cinco pés métricos) – e pela temática lamentosa, que girava em torno da paixão de um eu elegíaco, nomeado como o próprio poeta, por uma jovem mulher, identificada por um nome grego e descrita, na maior parte das vezes, como perversa e corruptível. A puella, nesse sentido, é uma das personagens principais a povoar o mundo elegíaco, sendo com frequência associada, pela crítica do século XIX, a amantes reais daqueles que se dedicavam a cantá-las. Diferente dos demais elegíacos, cuja existência das amadas passou a ser questionada mais efetivamente a partir dos anos 1950, Ovídio parece fugir desse paradigma concebido pelos estudos biografistas ao não esconder a ficcionalidade da figura de sua amada em Amores, atribuindo a inclinação ao gênero de temática amorosa a uma imposição do deus Cupido e não à paixão avassaladora a uma jovem. O poeta originário de Sulmona também é responsável por trabalhar, de forma ampla, a elegia romana em perspectiva diferente da usual, nas Heroides, ao substituir voz poética masculina pela de mulheres míticas. Tendo em vista a relação das figuras femininas com a tendência ovidiana em variar, dentro daquilo que a tradição do gênero pregava, a elegia amorosa romana, a presente tese tem o objetivo de investigar, a partir de revisão bibliográfica e análise de poemas, a forma como Ovídio se vale da puella em suas composições e demonstrar como essa personagem torna-se importante elemento tanto para a celebração do ofício poético quanto para a exaltação do gênero elegíaco a domínios da literatura considerada mais elevada. Nesse sentido, constatam-se traços de metalinguagem, nos Amores, que identificam a puella, bem como o ardor por essa garota, com a própria elegia e a dedicação integral à produção dos dísticos. Ademais, observa-se, nas Heroides, a sobreposição de Ovídio, como autor implícito, ao eu elegíaco feminino, proveniente de fontes literárias elevadas, como a tragédia e a épica, que permite explorar a elegia em perspectivas pouco habituais, principalmente pela inversão de lugares comuns do gênero, e materializar o império do gênero elegíaco romano ao se fundir às tramas austeras.