Caracterização e identificação taxonômica de fungos do gênero Cladosporium isolados de amostras marinhas e terrestres da Antártica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Simonetti, Flávio Lourenção
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/242901
Resumo: O reino Fungi apresenta uma ampla diversidade de organismos, encontrados em praticamente todos os ecossistemas conhecidos do planeta. De acordo com especialistas, o número de espécies conhecidas é apenas uma fração do número estipulado de espécies existentes. Os fungos desenvolvem adaptações para colonizarem e lidarem com as condições adversas dos ambientes considerados extremos, como o ambiente antártico. Algumas dessas adaptações possuem potencial para aplicação biotecnológica, incluindo enzimas que são adaptadas ao frio e substâncias bioativas, como a melanina, que protege esses organismos contra uma alta incidência de radiação UV. O presente estudo teve como objetivo avaliar o crescimento em diferentes temperaturas (5, 10, 15, 20, 25 e 30°C), salinidade (5, 10, 15, 20 e 25% NaCl), meios de cultura (MA2%, BDA, BDA1% e SNA) e sob radiação UV (UVB e UVC) de oito fungos do gênero Cladosporium (L.564; L.595; L.598; L.616; L.1345; L.1369; L.1800 e L.2541) isolados de amostras marinhas e terrestres do ambiente antártico, bem como a caracterização e a taxonômica molecular. Os isolados L.595, L.616 e L.1369 cresceram em uma ampla faixa de temperatura (de 5 a 30°C), podendo ser explorados quanto a produção de enzimas adaptadas ao frio. Esses mesmos isolados apresentaram uma boa tolerância a concentrações elevadas de NaCl (15%). Em adição, os isolados L.564, L.595 e L.1800 apresentaram uma alta resistência contra os dois tipos de radiação UV testados e são promissores quanto a produção de substâncias fotoprotetoras. Dentre todos os Cladosporium estudados, o isolado L.595 se destacou, apresentando um bom crescimento em todas as temperaturas testadas, todos os meios de cultura avaliados, uma boa tolerância quando exposto a elevadas concentrações salinas e uma maior resistência contra radiação UVB e UVC. Com base nos estudos de taxonomia molecular (sequenciamento do gene marcador act e análises filogenéticas deste gene concatenado com a região ITS) foi possível avaliar as relações entre os isolados antárticos e as espécies mais próximas. Os isolados L.595 e L.616 são filogeneticamente próximos e fisiologicamente semelhantes podendo pertencer à mesma espécie de Cladosporium. O mesmo ocorreu para os isolados L.564 e L.1800. Os isolados L.598 e L.1369 se mostraram filogeneticamente próximos, porém, divergiram quanto ao crescimento nos diferentes parâmetros testados. Por outro lado, os isolados L.1345 e L.2541 não se assemelharam com nenhum dos outros isolados antárticos, apresentando proximidade filogenética com espécies distintas de Cladosporium. Análises moleculares adicionais (usando o marcador tef1) são necessárias para a caracterização taxonômica mais acurada desses isolados. Os resultados desse estudo destacam os Cladosporium antárticos como novos recursos microbianos com potencial aplicação biotecnológica e abrem novas perspectivas no campo da microbiologia aplicada de fungos extremófilos.