Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Gavira, Rodrigo Samuel Bueno [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
eng |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/151272
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Resumo: |
A temperatura afeta dramaticamente todos os processos fisiológicos dos organismos e, portanto, a maioria dos animais investe tempo e energia consideráveis na termorregulação. Animais ectotérmicos regulam a temperatura corpórea (Tb) principalmente com base em fontes externas de calor e por meio de ajustes comportamentais. Como consequência, ectotermos experimentam flutuações muito maiores da Tb do que a grande maioria dos animais endotérmicos. A variação da Tb tem impactos profundos nas capacidades funcionais das ectotermias e pode resultar em importantes consequências ecológicas. Em ectotermos, a taxa metabólica de repouso (TMR) e a perda de água evaporativa (PEA) são em geral diretamente relacionadas com a Tb, podendo ainda ser afetadas por características térmicas e disponibilidade de água dos diferentes hábitats. Ademais, a termorregulação nos ectotermos é determinada por um equilíbrio entre os custos e benefícios. Os ajustes no comportamento termorregulatório para compensar as condições adversas do ambiente podem acarretar numa alta demanda energia e tempo para os animais, enquanto que a regulação Tb pode resultar em benefícios associados à otimização de vários processos fisiológicos a uma determinada temperatura. Assim, particularmente para Squamata, os animais exibirão uma temperatura corpórea preferida (Tpref) na faixa térmica que melhora suas atividades. Estendendo-se abaixo e acima da faixa de Tpref, ectotermos irão atingir um limite térmico inferior (CTmin) ou superior (CTmax), nos quais o desempenho e, consequentemente, a sobrevivência serão comprometidos. Em serpentes, tanto a Tpref quanto os limites de tolerância térmica (LTT) variam intra e interspecificamente, sendo influenciados por muitos fatores, como por exemplo as condições ambientais do hábitat dos animais. Portanto, Tpref e LTT são atributos centrais da biologia termal de organismos ectotérmicos, incluindo serpentes, uma vez que podem refletir diferenças históricas e/ou adaptativas. Para abordar os aspectos ecofisiológicos envolvidos na termorregulação, balanço hídrico e metabolismo energético acima comentados, examinamos a Tpref, CTmin e CTmax, bem como os efeitos da temperatura (15, 25 e 35°C) sobre TMR e PEA em quatro serpentes Neotropical Crotalinae da América do Sul (Bothrops alternatus, B. jararaca, B. moojeni e Crotalus durissus). Estas espécies de serpente são filogeneticamente relacionadas e ocupam áreas geográficas que se sobrepõem extensivamente, mas apresentam diferenças consideráveis em termos de microhábitats preferidos e outros atributos biológicos. Em geral, B. jararaca e B. moojeni ocupam principalmente áreas florestadas, enquanto B. alternatus e C. durissus habitam regiões de áreas abertas. Os resultados mostraram que tanto a TMR quanto a PEA aumentaram com a temperatura em todas as espécies. Tanto em 15 e 35°C, B. jararaca e B. moojeni apresentaram PEA semelhante, porém maiores que B. alternatus e C. durissus. TMR a 25°C não diferiu entre as espécies. Crotalus durissus exibiu as menores taxas de PEA dentre todas as espécies, em qualquer temperatura. As espécies de Bothrops apresentaram taxas de PEA semelhantes a 15 e 25°C. A 35°C, no entanto, B. alternatus exibiu taxas mais baixas de PEA do que espécies congêneres. Todas as espécies de serpentes tiveram Tpref à noite maior do que Tpref durante o dia. Interespecificamente, Tpref diurna não diferiu entre as espécies, enquanto que durante a noite B. jararaca e C. durissus selecionaram temperaturas mais altas do que B. alternatus e B. moojeni. Tpref noturna em B. alternatus foi maior do em B. moojeni. Bothrops alternatus exibiu o menor CTmin entre todas as espécies, enquanto B. jararaca apresentou valores de CTmin mais baixos do que B. moojeni. Os valores de CTmax para B. alternatus e C. durissus foram semelhantes, mas superiores aos de B. jararaca e B. moojeni. Nossos dados mostraram que TMR e PEA das serpentes foram congruentes com o tipo de ambiente ocupado pelos animais, do ponto de vista da fitofisionomia. As espécies de serpentes de áreas abertas (B. alternatus e C. durissus) exibiram taxas mais baixas de PEA do que as espécies florestadas (B. jararaca e B. moojeni). Além disso, C. durissus, seguido de B. alternatus, seria menos vulnerável a um potencial estresse térmico causado pelo potencial aquecimento climático em comparação com B. moojeni e B. jararaca, uma vez que, em temperaturas extremas, essas espécies não apresentariam muito um alto gasto de energia e seriam menos suscetíveis à dessecação. Do mesmo modo, tanto para Tpref quanto LTT nossos resultados pareceram ter relação com o tipo de ambiente ocupado pelas serpentes. As espécies de áreas abertas (B. alternatus e C. durissus) apresentaram maior CTmax e foram mais tolerantes ao calor do que as espécies florestadas (B. jararaca e B. moojeni). Entre as espécies de Bothrops, B. alternatus mostrou ser a espécie mais tolerante ao frio. Em conclusão, todas as serpentes selecionaram temperaturas menores durante o dia, o que poderia proporcionar uma economia de energia durante o período de inatividade. CTmax de C. durissus e B. alternatus indicou que essas espécies seriam menos vulneráveis ao estresse térmico causado pelo aquecimento do clima em comparação com B. moojeni e B. jararaca. |