Integração das Reses de Atenção à Saúde a partir de um serviço de Urgência e Emergência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Cyrino, Claudia Maria Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/152636
Resumo: Introdução: O Sistema Único de Saúde tem como objetivo organizar e integrar as ações de saúde por meio da articulação tanto de promoção e de prevenção das doenças quanto de cura e reabilitação. No entanto, ainda é um desafio, atender às pessoas com qualidade e resolubilidade. Nas últimas décadas, grandes esforços têm sido realizados, envolvendo toda a rede assistencial do país, desde a atenção primária e atendimento pré-hospitalar móvel até a rede hospitalar de alta complexidade e reabilitação. Com o aumento da morbimortalidade e da transição demográfica resultante de uma população em processo rápido de envelhecimento e seus fatores de risco, houve uma sobrecarga dos serviços de atendimento às urgências e emergências. Soma-se a isso, a estruturação fragmentada das Redes de Atenção à Saúde podendo afetar a continuidade do cuidado oferecido aos pacientes. Para atender a essa demanda, foi instituída pelo Ministério da Saúde a Rede de Urgência e Emergência (RUE). O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) é o componente móvel da RUE e é o responsável pela ligação entre os diversos serviços de saúde que compõem a Rede. Ele tem como objetivo chegar precocemente ao paciente que sofreu um agravo de qualquer natureza e oferecer o atendimento e transporte adequado para um serviço de saúde. Os atendimentos do SAMU 192 são acompanhados por uma Central de Regulação das Urgências, a qual foi caracterizada pelo Ministério da Saúde como um observatório privilegiado do SUS, pois, apresenta a possibilidade de organizar os fluxos das urgências e emergências e evidenciar quaisquer deficiências da Rede. Assim, este estudo torna-se importante, pois ao caracterizar o paciente atendido em situação de urgência e emergência pode contribuir para a organização e a articulação dos serviços. Objetivo: Monitorar e avaliar a integração e articulação da Rede de Atenção à Urgência no município de Botucatu a partir de um serviço de urgência e emergência, conforme evolução, desfecho e recidiva do paciente que necessitou do serviço. Materiais e métodos: Estudo transversal prospectivo e descritivo realizado na Central de Regulação das Urgências do SAMU 192 da cidade de Botucatu e no Pronto Socorro Referenciado do Hospital das Clínicas de Botucatu. Pergunta-se: Qual a evolução, desfecho e recidiva de atendimento do usuário do SAMU 192 de Botucatu? A amostra constou-se de 600 pacientes adultos que foram atendidos pelo SAMU 192 no ano de 2015 e que foram encaminhados para outro serviço de saúde após o atendimento pré-hospitalar móvel. Os dados foram coletados pela própria pesquisadora pelas fichas de registro de atendimentos do SAMU 192 e por meio do prontuário eletrônico intra-hospitalar do paciente para caracterizar seu fluxo após o atendimento pré-hospitalar. Os dados foram compilados para o programa Excel e software SPSS 21.0 para posterior análise. Foi realizada análise descritiva das variáveis quantitativas, regressão logística múltipla ajustada em cada bloco de variáveis para relacionar à ocorrência de recidivas ao atendimento pré-hospitalar. Teste Exato de Fischer para identificar a região da cidade com maior recidiva de atendimento. Utilizou-se p<0,05 como nível de significância. O modelo assistencial embasado em Redes de Atenção proposto pelas políticas nacionais e a Teoria dos Sistemas de Betty Neuman foram os referenciais teóricos desse estudo. Resultados: Dos 600 pacientes analisados, 51,7% eram do sexo masculino e apresentaram uma idade média de 55 anos (18-104). As ocorrências clínicas prevaleceram em 80% dos atendimentos, sendo estas, sobretudo, caracterizados como dispneia, dor torácica e convulsão. A região Central da cidade foi a de maior prevalência de atendimentos (26,3%). O tempo resposta médio global foi de 11 minutos. A maioria dos pacientes, 71,8%, foi encaminhada para o Pronto Socorro Referenciado da cidade e permaneceram internados por uma média de nove dias(1-90), tendo como principal desfecho, a alta médica (85%). Dos pacientes que evoluíram para o desfecho alta, 41% foram encaminhados para outro serviço de saúde, pertencente a Rede de Atenção às Urgências, para a continuidade do tratamento. A recidiva desses pacientes, novamente ao serviço pré-hospitalar móvel aconteceu em 27% dos casos e a chance disso acontecer aumentou em 64,7% entre os pacientes que receberam esse encaminhamento após a alta médica. A recidiva de atendimentos também apresentou correlação estatisticamente significativa nos pacientes com diagnósticos médicos de epilepsia (p=0,027), câncer (p=0,001) e em portadores de doença respiratória crônica (p= 0,023), sobretudo na região Oeste da cidade. Conclusão: Os atendimentos realizados pelo serviço pré-hospitalar móvel, SAMU 192, no ano de 2015, caracterizaram-se, principalmente, por atendimentos clínicos em homens com idade média de 55 anos na região Central da cidade. Prevaleceram os atendimentos aos pacientes com diagnósticos médicos de dispneia, dor torácica e convulsão e que foram encaminhados para o Pronto Socorro Referenciado após as primeiras intervenções. O tempo médio de internação foi de 9 dias e o principal desfecho foi a alta médica. A demanda de recidivas ao serviço pré-hospitalar móvel predominou-se em pacientes da região Oeste da cidade e foram pertinentes em relação as características e gravidade das doenças as quais se associaram estatisticamente. A realização de estudos como este ajuda a caracterizar o perfil dos pacientes inseridos na RUE e apontar possíveis falhas na assistência que possam prejudicar a continuidade e integralidade do cuidado além de instigar novas pesquisas nesse âmbito. Ressalta-se que o estudo foi realizado em um serviço de atendimento móvel de urgência e os resultados não podem ser generalizados.