Análise fisiológica e comportamental de micos-leões-pretos em cativeiro: uma avaliação do nível de estresse

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Bertoli, Paula Custódio [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/150779
Resumo: O mico-leão-preto (MLP, Leontopithecus chrysopygus) é uma espécie de primata neotropical ameaçada de extinção, sendo que tanto esforços in situ, quanto ex situ devem ser feitos para sua conservação. O entendimento das condições do cativeiro que melhoram o bem-estar dos indivíduos é necessário para viabilizar o sucesso reprodutivo ex situ. No entanto, indivíduos com diferentes perfis comportamentais podem responder de formas distintas a um mesmo estímulo tendo seu bem-estar impactado de diferentes maneiras. O bem-estar animal pode ser avaliado através de variáveis comportamentais (via o estudo de comportamentos potencialmente indicativos de estresse – BPIS) e fisiológicas (via o estudo dos níveis de metabólitos fecais de glicocorticóides – MGFs). Assim, os objetivos desse trabalho foram: 1) determinar o efeito das condições de cativeiro, período do dia e estação do ano sobre o comportamento e sobre os níveis de MGFs; 2) determinar a relação entre os comportamentos e os níveis de MFGs; 3) definir os eixos que compõe o perfil de comportamento gênero-normativo e os eixos que representam as diferentes formas de reação ao estresse entre os BPIS; e 4) identificar os estilos de enfrentamento da população de MLP estudada (via a análise da relação entre os tipos comportamentais, formas de reação ao estresse e índices hormonais de MFGs). Foram observados 11 indivíduos (3 fêmeas e 8 machos) no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro durante 15 dias em duas estações (verão e inverno), em 4 diferentes tratamentos: 1 casal com um casal de filhotes em idade adulta, um casal, uma dupla de machos – todos estes em gaiolas grandes - e três machos sozinhos em gaiolas pequenas, Coletamos dados comportamentais dos MLP usando blocos de 10 minutos de amostragem focal com registros a cada 10 segundos duas vezes ao dia (manhã e tarde) para cada indivíduo, totalizando 10 horas de observação por indivíduo, e coletamos fezes duas vezes por dia (11h e 16h). Via uma análise de covariância (MANCOVA), encontramos que MLP em gaiolas individuais apresentaram altas frequências de estereotipias, tempo dentro do abrigo e do comportamento de coçar. Machos em dupla apresentaram altas frequências de comportamentos anormais e os maiores valores de MFGs enquanto que os indivíduos em família e casal apresentaram comportamentos mais semelhantes aos observados na natureza. O período do dia e as estações do ano influenciaram a frequência de alguns comportamentos, mas não os níveis de MFGs. Com relação às diferenças individuais nas formas de reação ao estresse, encontramos quatro eixos para os tipos comportamentais (atividade, sociabilidade, exploração e necessidade) e quatro formas de enfrentamento ao estresse (introversão, auto-proteção, ansiedade e distúrbios) via uma análise de cluster. Foram encontrados quatro estilos de enfrentamento ao estresse, dois que se assemelham a uma forma pró-ativa e dois que se assemelham a uma forma reativa. Dessa forma, esse trabalho apontou a importância de recintos grandes e da composição dos grupos no bem-estar do MLP assim como importantes diferenças inter-individuais na forma de enfrentar o estresse que devem ser consideradas no futuro manejo da espécie.