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Biomarcadores de lesão cerebral em pacientes idosos submetidos à anestesia subaracnoidea para tratamento de fraturas de fêmur

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Toledo, Flavia Dutra de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
NSE
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/157335
Resumo: Introdução: A última atualização demográfica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística realizada em 2017 mostrou que a população acima de 60 anos representava 14,6% dos 207,1 milhões de habitantes do Brasil, o que corresponde a aproximadamente 30 milhões de idosos, com expectativa de vida de 75,8 anos. Entre 2007 e 2011, o número acumulado de internações por fraturas de fêmur em pacientes acima de 60 anos, nos hospitais do Sistema Único de Saúde, foi de 175.781 O delirium pós-operatório é uma complicação comum nos pacientes idosos, e está associado a hospitalizações prolongadas, maiores taxas de institucionalização após a alta, deterioração cognitiva prolongada, diminuição da capacidade funcional, além de ser fator independente de mortalidade em 6-12 meses. Estudo disponível na literatura mostra que 14 a 24% dos pacientes idosos com fratura de quadril apresentam delirium já na admissão hospitalar, sendo que a prevalência durante a internação chega a 56%. Os mecanismos fisiopatológicos do desenvolvimento do delirium pós-operatório (DPO) e do déficit cognitivo pós-operatório têm sido estudados em nível molecular, porém ainda com pouco ganho. Maiores esforços de pesquisa são colocados na identificação de biomarcadores diagnósticos e prognósticos que estejam relacionados com mecanismos moleculares que levam ao DPO. Objetivos: Primariamente, relacionar os níveis séricos de dois biomarcadores de neuroinflamação (S100B e enolase neurônio-específica) com a ocorrência de delirium pré e pós-operatório em pacientes idosos submetidos a cirurgias de correção de fratura de quadril (fêmur proximal). Como objetivo secundário, foi proposto avaliar a influência dos fatores sexo, hipotensão perioperatória, classificação de risco anestésico ASA, uso de fármacos anestésicos para sedação (midazolam e fentanil), além de duração e tipo de cirurgia realizada (artroplastia de quadril ou osteossíntese de fêmur) sobre os níveis dos biomarcadores. Métodos: Foi realizado estudo clínico observacional prospectivo com pacientes acima de 60 anos internados no HCFMB para correção de fratura de quadril (terço proximal do fêmur) no período de maio de 2017 a abril de 2018; todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os pacientes foram avaliados em dois momentos: dentro das 24 horas que antecederam a cirurgia (M1) e, novamente, 24 horas após o final da cirurgia (M2). Em cada momento, foi realizado o diagnóstico de presença ou ausência de delirium por meio da escala CAM (Confusion Assessment Method), instrumento validado em Português, e foram coletadas amostras de sangue para dosagem de S100B e Enolase plasmáticos. As dosagens dos biomarcadores foram realizadas por método ELISA. Resultados: Dos 42 pacientes analisados, 33 eram do sexo feminino e 9 do sexo masculino (78,57% e 21,4%, respectivamente), com idade média de 71,97 ± 8,68 anos. Delirium ocorreu em 11,9% dos pacientes em M1 e 16,7% em M2. Não houve variação dos níveis médios de S100B entre pacientes com e sem delirium, nem dentro do mesmo momento, quanto de um momento para outro (p=0,12). Os valores médios de NSE foram estatisticamente diferentes quando comparados os pacientes sem delirium pré-operatório e aqueles com delirium pós-operatório (p=0,002); entretanto, pacientes que não tiveram delirium em qualquer momento também apresentaram variação significante do marcador entre M1 e M2 (p=0,004). Ainda, pacientes com delirium pós-operatório tiveram níveis mais altos de NSE dosados em M2 (p=0,02). Mulheres apresentaram maiores níveis de S100B (p=0,03), enquanto as médias de NSE foram maiores entre homens (p=0,04). Não houve influência da classificação ASA tanto nos níveis de S100B quanto de NSE (p=0,67 e p=0,12, respectivamente). Níveis mais altos de S100B foram verificados em pacientes que apresentaram algum episódio de hipotensão perioperatória (p=0,035), porém não houve relação entre este último evento e a ocorrência de delirium pós-operatório (p=0,65). Quanto ao uso de sedação intraoperatória, doses maiores de midazolam foram administradas aos pacientes que não desenvolveram DPO (p=0,001), enquanto as doses de fentanil não diferiram entre pacientes com e sem DPO (p=0,21). Não houve relação entre o tipo de procedimento cirúrgico executado e duração média da cirurgia (p=0,89 e p=0,15, respectivamente) com a ocorrência de DPO. Conclusões: Não foi encontrada associação entres os níveis do marcador S100B e a presença de delirium em qualquer momento; entretanto, níveis pré-operatórios aumentados de NSE foram relacionados à ocorrência de delirium pós-operatório. Pacientes com episódios de hipotensão perioperatória apresentaram níveis mais altos de S100B na avaliação pós-operatória. São necessárias investigações futuras quanto ao nível de expressão destas proteínas por outros tecidos e se existem outras vias de sinalização celular ainda desconhecidas, para que assim possamos entender melhor o comportamento destes biomarcadores e a sua relação com a patogênese do delirium.