Territórios do eu-professora(a): olhar-se no próprio espelho e encontrar os sentidos da permanência na docência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lima, Tamara de [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/250654
Resumo: Esta tese está vinculada à linha de pesquisa “Formação dos Profissionais da Educação, Políticas Educativas e Escola Pública”, pertencente ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus de Presidente Prudente. A discussão sobre a atratividade da carreira docente e a permanência nela relaciona-se diretamente à qualidade da educação pública. A desvalorização política, social e econômica da profissão docente acentuada nos últimos anos tem se configurado em um quadro de precarização do trabalho e a constatação de número significativo de exonerações. Por outro lado, existem aqueles professores que permanecem na carreira, resistindo às mazelas a que se encontra relegada a profissão docente. Assim, o problema que irá direcionar a nossa pesquisa encontra-se na constatação de que em um contexto de precárias condições de trabalho, baixos salários e desprestígio profissional, muitos professores permanecem na docência realizando um bom trabalho, sendo reconhecidos por seus pares e demais membros da comunidade escolar como bons profissionais, compromissados com a educação e aparentemente realizados na profissão. Em consonância com os pressupostos da pesquisa (auto)biográfica, questiona-se: quais os sentidos atribuídos pelos professores para a sua experiência de permanência na docência? Apesar dos desafios cotidianos, como professores experientes de escolas estaduais paulistas permanecem realizando um bom trabalho? Assim, o objetivo geral da pesquisa consiste em analisar os sentidos atribuídos pelos professores para a sua permanência na docência. E, os objetivos específicos em: refletir sobre a constituição social e histórica da profissão docente, as permanências e desafios relacionados à profissionalização e as especificidades do trabalho docente; identificar aspectos da atratividade e do abandono da profissão docente a partir de estudos já realizados e de dados produzidos por órgãos oficiais e de pesquisa; analisar as políticas educacionais relativas à carreira do magistério na rede estadual paulista que refletem diretamente no fazer docente e nas condições de trabalho; compreender as trajetórias de escolarização, formação para a docência, ingresso e permanência no magistério a partir das histórias de vida dos professores colaboradores. Trata-se de uma pesquisa que se insere no campo epistemológico da pesquisa (auto)biográfica. O percurso metodológico incluiu a realização de Entrevistas Narrativas. Os critérios para identificação dos participantes foram o tempo de exercício no magistério, a aparente realização profissional e o comprometimento com a docência; critérios indicados pelos próprios pares, a partir de uma rede colaborativa e afetiva. Ao olhar-se no próprio espelho, de forma narrativa, os professores encontram-se consigo mesmos, em um processo de caminhar para si em que a docência se reveste de sentido. Ser e permanecer professor relaciona-se às diferentes formas com que o eu-pessoa constitui-se no eu-professor(a) a partir dos diferentes territórios que habita e experiencia. Os sentidos que sustentam o professor na docência são multifacetados e, ainda que sejam individuais e subjetivos, (entre)cruzam-se e possuem características comuns, das quais as relações interpessoais possuem um papel de destaque. Por ser um fenômeno complexo e multifacetado, a permanência na docência não tem uma correlação direta com a satisfação plena na profissão. Isso significa que os professores podem permanecer na docência realizando um bom trabalho ao mesmo tempo em que vivenciam insatisfações e aborrecimentos cotidianos, já pensaram ou pensam em desistir da docência na rede estadual paulista. Além disso, determinados elementos que compõem o cotidiano do trabalho do professor possuem um duplo papel na trajetória profissional. Ao mesmo tempo em que podem se apresentar como aspectos desafiadores ao trabalho docente, apresentam-se também como elementos de sustentação na docência.