Desvelando o inefável: a força metafísica da poesia de Hilda Hilst em torno do amor, da morte e de Deus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Cantuário, Victor André Pinheiro [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/215464
Resumo: No século XVII, em solo inglês, despontou uma corrente de poesia hoje denominada de metafísica. Alguns de seus principais expoentes foram John Donne, George Herbert, Henry Vaughan, Richard Crashaw e Andrew Marvell. Nas três primeiras décadas do século XX, o interesse de alguns críticos como Herbert Grierson (1965) e T. S. Eliot (2015) em tal movimento produziu um conjunto de reflexões que possibilitou o resgate da herança lírica daqueles poetas e o reconhecimento de que o estilo metafísico inglês havia transposto algumas fronteiras, inspirando vozes não apenas no continente europeu, mas também se infiltrando na cultura literária de outros países. Acompanhando a discussão de Ricardo Daunt (2004) sobre o tema, observa-se que uma das vias de leitura possível dessa poesia é através da interpretação de que se está diante de um fenômeno geracional, isto é, devido ao fato de haver se expandido para além do século XVII e para além da tradição literária inglesa, a poesia metafísica constituiu uma tradição à parte. Dessa perspectiva é que se poderá compreender como mais de três séculos depois seus traços, características e estruturas estarão presentes em outros contextos literários. Nessa trilha de descrição, anuncia-se que o objetivo desta pesquisa é categorizar Hilda Hilst como uma das vozes da poesia metafísica no Brasil. Para isso, selecionaram-se de sua produção em versos três livros, Júbilo, memória, noviciado da paixão, Da morte. Odes mínimas e Poemas malditos, gozosos e devotos, respectivamente publicados em 1974, 1980, 1984, os quais foram analisados partindo das caracterizações da poesia metafísica conforme apresentadas nos estudos de Jean-Jacques Denonain (1956), Joan van Emden (1986), Frances Austin (1992) e outros. Além de se sustentar a proposta de uma leitura intertextual do corpus que se escora no conceito de tradição, a partir de Eliot (2014). Acredita-se que após a devida exposição do tema e o esclarecimento da natureza qualificativa da metafísica pendendo para a expressão lírica, desfazendo-se, portanto, associações dessa poesia com alguma inclinação absolutamente filosófica, as ressonâncias do estilo inglês despontarão espontaneamente das linhas de Hilst de maneira que se tornará bastante evidente como em parte de sua obra poética ela se empenhou em soar metafísica. Diante do apurado, apresenta-se entre as conclusões o entendimento de que a poeta paulista não se reduziu à condição de imitadora de Donne, mas foi uma firme representante dessa tradição literária e inovadora desse estilo para além do solo em que primeiro floresceu.