Estudo da distribuição de tamanho e composição iônica de aerossóis e seus efeitos na capacidade de nuclear gotas de nuvens

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Souza, Michele de Lima [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/136462
Resumo: Este trabalho buscou evidências para reconhecer mudanças sazonais nas emissões e consequentes mudanças na composição de aerossóis presentes em uma região subtropical afetada pela queima de biomassa agrícola. Aquisições de dados de distribuição de tamanho e amostragem de aerossol foram feitas próximas ao centro geográfico do estado de São Paulo, no município de Araraquara. A composição iônica das espécies solúveis foram determinadas pela técnica da cromatografia de íons. Diferentes concentrações numéricas da fração mais fina de aerossóis mostraram ser dependentes de condições atmosféricas e, portanto, mostram variações sazonais na formação e crescimento de partículas. A ocorrência preferencial de processos de nucleação homogênea, foram mais pronunciados durante os meses mais chuvosos de verão. Já os processos de nucleação heterogênea, foram favorecidos durante o inverno, quando ocorrem emissões mais intensas da queima de biomassa. A moda de nucleação e a moda de Aitken foram favorecidas no período úmido (verão) e períodos de seca (inverno queima de biomassa), respectivamente. A moda de acumulação mostrou picos no verão e no inverno, o que pode ser explicado pelo crescimento das partículas por efeitos de higroscopicidade e reações heterogêneas concomitantes. Também buscou-se quantificar o possível efeito da presença de aerossóis localizados próximos ao solo nas propriedades das nuvens. Para buscar evidências de interção aerossol-nuvem foram coletados dados a respeito do raio efetivo da gota e da profundidade óptica da nuvem. Estes dados foram obtidos pelo tratamento das medidas realizadas por satélites que orbitam sobre a região de estudo. Os resultados obtidos ao longo de mais de um ano indicaram que as fontes de emissões regionais contribuem para a emissão de aerossóis primários ou formação de aerossóis secundários, que podem influenciar o processo de formação de nuvens. Estes fatos sugerem que as atividades antrópicas sazonais na região podem modificar a composição do aerossol e isto, por sua vez, afetar a formação de nuvens e modificar o ciclo hidrológico, com implicações para os ecossistemas e gestão dos recursos hídricos. Estudos iniciais comparativos sobre a composição iônica de aerossol entre o período de intensa queima da palha da cana-açúcar, em 1999-2001, com os dados do período de implementação da mecanização da colheita, em 2014-2015, mostraram que alguns íons não, necessariamente, reduziram sua concentração, como é o caso do nitrato, espécie secundária, o que implica no favorecimento dos processos de crescimento dos aerossóis. O sulfato, outra espécie secundária, no entanto, teve sua concentração reduzida, inibindo os processos de nucleação. Embora tenha reduzido a queima da palha da cana-de-açúcar no estado de São Paulo, a mesma continuará sendo queimada no restante do país, e seu uso como fonte de energia tem se intensificado, o que torna importante avaliar todos os aspectos relacionados à emissão do aerossol atmosférico e suas implicações ambientais. Portanto, o olhar da ciência sobre o etanol combustível deve ir além do simples balanço entre o carbono emitido e o absorvido.