O funcionamento do discurso dos intersexuais: questões de registro, de ethos e de cenografia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Pereira, Giulia Marquini Laurentino
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/237329
Resumo: Com base no aparato teórico-metodológico da Análise do Discurso de linha francesa, este trabalho analisa aspectos do funcionamento do discurso dos intersexuais, com ênfase no plano do ethos discursivo e na diferenciação entre ethos mostrado e ethos dito, conforme as reflexões desenvolvidas por Maingueneau (2006, 2015, 2020) sobre as noções. Em seus trabalhos, Maingueneau considera o ethos como a imagem do enunciador do discurso revelada pelo modo como enuncia, ou seja, o ethos não corresponde exatamente ao que diz a respeito de si, mas à personalidade que revela por meio de sua enunciação. Segundo a ISNA (Intersex Society of North America) (2008), os intersexuais são pessoas que nascem com uma anatomia reprodutiva ou sexual que não se encaixa nas definições típicas de fêmea ou macho. Dessa maneira, como o tema está diretamente relacionado às questões de gênero e de sexualidade, o trabalho se apoia nos Estudos de Gênero para o tratamento da questão da formação da identidade dos corpos intersexuais, destacando os trabalhos de Butler (2019a, 2019b) que discorrem sobre a performatividade do gênero e sobre a noção de sujeitos abjetos. O corpus de pesquisa é composto por um conjunto de 10 textos relativos a 3 tipos de gêneros do discurso digital em que pessoas intersexuais falam de si e de sua própria condição intersexual. Para análise do ethos mostrado do discurso dos intersexuais, observam-se inicialmente os registros a partir dos quais esse discurso se configura, o que permite identificar não só as diferentes facetas que o enunciador projeta de si em seu discurso (ethos da pessoa cientificamente instruída, ethos do ativista e ethos da pessoa traumatizada), como também variações de cenografias. Já a análise do ethos dito revela que as variações do ethos mostrado dizem respeito a um outro aspecto do funcionamento do discurso dos intersexuais que é a necessidade de combater um estereótipo frequentemente associado às pessoas intersexuais, isto é, o da aberração, o que é feito especialmente por meio do emprego de uma metáfora conceitual de acordo com a qual os intersexuais são pessoas em construção.