O discurso argumentativo nos enunciados de uma menina dos 2;1 aos 3;8 anos de idade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Ricci, Ana Luísa Coletti
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/243380
Resumo: Esta pesquisa propõe o estudo do discurso argumentativo (LEITÃO, 1999, 2001, 2003; LEITÃO, BANKS-LEITE, 2006a; LEITÃO, FERREIRA, 2006b, 2006c, 2007a, 2007b, 2010; LEITÃO, VIEIRA, 2017, 2018; VIEIRA, 2011, 2015) nos enunciados de uma menina, S., brasileira, monolíngue, dos 2;1 aos 3;8 anos, a partir de uma abordagem dialógicodiscursiva bakhtiniana (BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2017; BAKHTIN, 2013, 2016; DEL RÉ et al. 2014a e b, 2016). Para refletirmos sobre os processos de aquisição e argumentação, partiremos de um olhar qualitativo para os dados, gravados em vídeo em situações naturalísticas, transcritos por meio do programa CLAN (CHAT), disponível na plataforma CHILDES (MACWHINNEY, 2000). Partindo de estudos anteriores e dando-lhes continuidade, observaremos os movimentos discursivos da argumentação (LEITÃO, 1999, 2001, 2003, 2006a, 2006b, 2006c, 2007a, 2007b, 2010, 2017, 2018), que são o argumento, o contra-argumento e a resposta nos enunciados de S. (estudo de caso). A fim de melhor desenvolvermos esse estudo, assim como observarmos mais detalhadamente o discurso argumentativo, buscamos analisar o movimento discursivo que dele decorre e os elementos linguísticos que contribuem para a significação dos enunciados de S., nesse discurso. Observamos também seu desenvolvimento na argumentação e linguagem, tal qual a estrutura – fundamentalmente – sintática desses enunciados, atentando-nos para alguns elementos de sua composição, além de seu aspecto semântico para, através deles, identificar os elementos (após observação dos dados, elencamos os adjuntos adnominais e adverbiais, advérbios e conjunções) que contribuem para a formulação do enunciado argumentativo, como ocorre com “mas”, “não”, “nem” e o “porquê”, muito presentes nas produções de S., além de outros itens linguísticos, verbais e/ou não. Para realizar esse trabalho e a compreensão e análise dos elementos de língua presentes e fundamentais na significação dos enunciados no discurso de S. como argumentativos, baseamo-nos, também, nos estudos de linguagem da Gramática do Português Brasileiro (CASTILHO, 2014) e na Gramática Funcional (NEVES, 2011). Na necessidade da criança de se comunicar e de interagir com seu interlocutor, fazendo-o a partir de uma linguagem multimodal (CAVALCANTE, 1994, 2018; CAVALCANTE, BRANDÃO, 2012; DE ALMEIDA, CAVALCANTE, 2017; VASCONCELOS, 2017), encontramos um sujeito que argumentará a fim de expor e defender seu posicionamento discursivo, contrapondo-se ao discurso do outro, refletindo sobre a linguagem no movimento discursivo do diálogo. Observamos, em concordância com Vieira (2011, 2015), que a argumentação se manifesta quando o indivíduo passa a se perceber como um “eu”, diferente do “outro” e dele separado, algo que ocorre ainda muito cedo, antes dos 2 anos de idade. Os resultados mostraram que a criança faz uso de todos os três movimentos em questão, assim como de suas funções – epistêmica, discursiva e psicológica -, dominando-os e utilizando-os com eficácia, o que nos permite observar o curso de seu desenvolvimento linguageiro e argumentativo.