Resumo: |
O deslocamento ativo traz muitos benefícios tanto individuais quanto ambientais, por exemplo, redução da mortalidade, redução da pressão arterial e redução da poluição. Apesar disso, vemos que no Brasil, utiliza-se pouco esse modo de transporte quando comparado a outros países. No caso de Recife, por exemplo, 16% de viagens de bicicleta, longe dos 48% de Amsterdam. O objetivo foi analisar o padrão do deslocamento ativo da Região Metropolitana de Campinas – SP e para tal feitio foram utilizados os dados da pesquisa “Origem-Destino 2003 e 2011 da Região Metropolitana de Campinas”. Foi realizado um estudo descritivo e analítico da frequência do deslocamento ativo, fatores associados para ser ciclista ou caminhante por meio da regressão de Poisson, e uma análise descritiva de tendência temporal sobre as características das viagens ativas da RMC. Para a realização dos mesmos, foi utilizado o software Stata 12.0 (StataCorp). A amostra contou com 36.892 pessoas residentes da RMC e 66.362 viagens. Sendo encontrado uma queda entre 2003 e 2011 nas frequências dos ciclistas (2,2% - 1,6%) e suas viagens (3,5% - 2,1%), e para os caminhantes (21,9% - 17,3%) e suas viagens (35,4% - 24%). Sobre as características individuais, para os ciclistas, obteve-se que a cada 1000 habitantes 25,1 são homens, 21,1 adultos jovens e 29,8 provenientes da classe E. Nos caminhantes, a cada 1000 habitantes, 184,4 são mulheres, 367,4 crianças/adolescentes, 413,4 estudantes e 207,9 da classe E. Para os fatores associados os achados foram que sexo masculino e classe econômicas mais baixas estão associadas com o desfecho ser ciclista, já sexo feminino e faixa etária crianças e adolescentes estão associadas com ser caminhante. Embora o tempo das viagens de bicicleta tenha aumentado de 2003 (15 minutos intervalo interquartil 12,5) para 2011 (20 minutos intervalo interquartil 20), o tempo referente as viagens a pé caíram, sendo 20 minutos intervalo interquartil 20 em 2003, passando para 15 minutos intervalo interquartil 10 em 2011. O baixo tempo de deslocamento ocorre devido as pequenas distâncias percorridas, informação esta que vai ao encontro dos achados no nosso estudo a respeito das razões para se deslocar ativamente, sendo elas a pequena distância, independentemente da idade. Já para os motivos, a idade influenciou as viagens na origem e destino, sendo que para viagens de bicicleta (mais de 50%) e a pé (mais de 90%), o estudo regular foi mais frequente nas crianças e adolescentes, já para os adultos jovens, (mais de 80% para viagens de bicicleta e 50% nas viagens a pé) e adultos (mais de 70% para viagens de bicicleta e 50% nas viagens a pé), o trabalho foi mais frequente. Somente nos idosos foram encontradas diferenças entre os modos de transporte, sendo os mais frequentes para viagens de bicicleta a resolução de assuntos pessoais (mais de 30%) e lazer (mais de 20%) e para os caminhantes as compras (mais de 30%). De acordo com o tamanho populacional dos municípios, aqueles com população menor que 100.000 habitantes possuem, apesar da queda, mais ciclistas nos dois momentos em 2003 com 6,5% e 2011 com 4,4%, por outro lado, os caminhantes foram mais frequentes nos municípios com população acima de 100.000 habitantes nos dois momentos, passando de 40,9% em 2003 para 28,8% em 2011. Em relação as viagens e municípios, aqueles com população acima de 100.000 habitantes foram mais frequentes, tanto para viagens de bicicleta (mais de 50%) quanto viagens a pé (mais de 40%). Dessa forma, foi concluído que houve uma queda não só no número de ciclistas, mas também no de caminhantes e suas viagens, que ser homem e classe econômica baixa são fatores associados a ser ciclista e ser mulher, criança e adolescente está associado a ser caminhante, que o tempo das viagens é baixo, a principal razão para escolher o deslocamento ativo é a pequena distância e os motivos possuem influência da idade. Pode-se dizer que a RMC segue o padrão nacional em relação ao deslocamento ativo e que a discussão desse assunto é fundamental para o avanço das políticas públicas de planejamento urbano |
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