Dinâmica e (re)organização espacial dos sistemas ambientais atuantes em bacias hidrográficas do domínio Tropical Atlântico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Oliveira, Cristina Silva de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/190766
Resumo: A variedade de escalas espaciais e temporais ligadas aos problemas geoecológicos está gradativamente se expandindo nos últimos anos, exigindo dos pesquisadores uma compreensão multiescalar nas pesquisas ambientais. Apesar da crescente demanda por estudos que considerem mais de um nível de organização espacial e suas variações, constata-se uma escassez bibliográfica sobre o assunto e poucos autores e trabalhos que se preocupam em articular propostas de classificação com políticas públicas orientadas ao planejamento do uso e ocupação da terra. Nesse sentido, o conhecimento da estrutura e função dos sistemas ambientais são os pilares para formulação e implementação de políticas pautadas no planejamento e organização espacial. Diante disso, o planejamento ambiental baseado nos princípios científicos instrumentalizados pela teoria geossistêmica, deve considerar a complexidade inerente à articulação entre os campos naturais, tecnológicos e culturais, ou seja, compreender as inter-relações que se estabelecem entre processos históricos, econômicos, ecológicos e culturais no desenvolvimento do dinamismo produtivo da sociedade e considerá-las na efetivação das políticas. Em decorrência disso, a tese objetiva contribuir para o entendimento da dimensão geoecológica dos processos responsáveis pelas estruturas dos geossistemas da bacia hidrográfica do ribeirão Marmelos (municípios de Juiz de Fora e Chácara) a partir das alterações ocasionadas pelos processos de urbanização e sua influência na dinâmica e re-organização espacial da área. Parte-se da hipótese de que os processos relacionados à consolidação da ocupação da terra na bacia hidrográfica do Ribeirão Marmelos datam do período histórico relacionado às conquistas portuguesas em Minas Gerais e expansão territorial para a Zona da Mata Mineira nos séculos XVII e XVIII. Em resposta à intensificação dos usos e ocupação da terra na área, alterações sistêmicas desencadearam uma re-organização espacial dos arranjos espaciais dos geossistemas. Este processo se acentua a partir da difusão da urbanização no município e modificações das morfologias e elementos constituintes da estrutura do geossistema. A partir do referencial teórico-metodológico utilizado, busca-se depreender como estrutura e processos geoecológicos orquestram a organização espaço-temporal no nível de mapeamento das fácies e grupos de fácies, segundo proposta de Sochava (1977, 1978). A delimitação temporal proposta para tese compreende o período de construção da estrada União e Indústria (1861) até os dias atuais, significativo para a história da expansão urbana e econômica local. O processamento das informações e a interpretação dos resultados levaram em conta os dados dos levantamentos de campo (levantamentos fitossociológicos), análise morfológica dos solos, dados oriundos de imagens de satélite (Landsat 8) para obtenção da temperatura de superfície e ferramentas de análise integrada de dados espaciais, disponíveis nos sistemas de informação geográfica (SIG). Foram confeccionados mapas, pirâmides de vegetação, perfis geoecológicos e quadros síntese da área e diagramas de relacionamento. Todos esses procedimentos foram analisados sob o prisma teórico-metodológico geossistêmico, especialmente referente à sua base estrutural, funcional e dinâmica, num viés multitemporal e multiescalar, confrontando os pressupostos teóricos da linha francesa, cujo maior expoente é Georges Bertrand (1968, 1971, 2007, 2008) e os subsídios advindos da linha russo-soviética através de Viktor Sochava (1970, 1977, 1978). Os resultados obtidos através da proposta de classificação possibilitou a segmentação da área em cinco grupos de fácies que totalizaram 31 fácies distribuídas nos alto, médio e baixo curso da bacia para a escala utilizada. Os cinco grupos foram classificados segundo sua dinâmica atual em geossistemas regressivos com geomorfogênese ligada à ação antrópica; áreas de pastagens artificiais extensivas com dinâmica regressiva; áreas de vegetação residual em biostasia subclimácica e paraclimácica; áreas de usos intensivos em pequenas propriedades rurais em resistasia antrópica; geossistemas regressivos com geomorfogênese ligada à ação antrópica. A proposta conceitual e metodológica da teoria geossistêmica apresentada por Sochava e Betrand forneceran bases lógicas importantes para a compreensão das ligações multiescalares entre a estrutura, a função e dinâmica do geossistema. Mais do que isso, construíram um sistema de classificação e cartografia de paisagens e geossistemas que possibilitam a síntese dos elementos sem perder de vista a complexidade das relações e a dinâmica espacial, interessante para a gestão e ordenamento territorial que podem ser adaptadas à intervenção política e à participação pública em nível regional e/ou local.