Atendimento antirrábico humano pós-exposição no estado de São Paulo: perfil epidemiológico e avaliação de conduta

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Andrade, Bruno Fonseca Martins da Costa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/202849
Resumo: A Raiva é uma antropozoonose de grande impacto na saúde pública, conhecida desde a antiguidade, cujo agente etiológico pertence ao gênero Lyssavirus. É transmitida aos mamíferos por contato com a saliva de animais infectados com soluções de continuidade da pele ou mucosa, levando a uma encefalomielite severa, progressiva e geralmente letal. As agressões aos humanos por animais, principalmente cães e gatos, são de notificação obrigatória e podem resultar na necessidade de profilaxia antirrábica. Na última década foram notificados 38 casos de raiva humana no Brasil e apenas um indivíduo foi curado. O objetivo do presente estudo foi descrever o perfil dos atendimentos antirrábico humano, após agressão por diferentes espécies de animais e avaliar a conduta adotada no tratamento antirrábico, pós-exposição, especificamente por agressões de cães e gatos, em todas as regiões do estado de São Paulo, no período de 2013 a 2017. Foi realizado um estudo descritivo utilizando-se as informações disponíveis no SINAN (CID10-W64) e avaliando-se o perfil epidemiológico das notificações e a profilaxia realizada às vítimas de agressões por cães e gatos. Foram registradas 572.889 notificações no período, com média de 114.578 casos ao ano e coeficiente de incidência de 2,62 casos a cada 1.000 habitantes. Não houve diferença estatística significante (p=0,213) quanto à distribuição das agressões no estado. A maior porcentagem de agressões fora pela espécie canina, seguida dos felinos e os morcegos em terceiro lugar com 0,87%. Houve predominância entre as vítimas do sexo masculino e a faixa etária mais acometida foi a de 20 a 39 anos. A agressão mais frequente foi a mordedura causada por cães. As características das lesões foram únicas e superficiais em mãos/pés, seguidas de membros inferiores. Dentre as condutas indicadas, a maior prevalência foi a observação do animal por 10 dias, conduta esta também considerada inadequada com menor frequência. Em indivíduos envolvidos em acidentes com morcegos, primatas e herbívoros, foi mais frequente a aplicação de soro e vacinação. A conduta profilática indicada foi adequada em 68,8% das notificações, porém o tratamento realizado foi adequado em apenas 55,5% dos indivíduos, com uma diferença significante (p<0,0001) entre eles, e resultando em 246.787 doses de vacina e 8.888 doses de soro antirrábico administrados em discordância do esquema profilático recomendado pelo Ministério da Saúde. Sugere-se a adoção de ações que visem minimizar o número de acidentes com cães e gatos, a melhoria das condições de observação dos animais agressores e a otimização de recursos, bem como a adoção de medidas profiláticas corretas que visem mormente garantir a completa proteção ao indivíduo e à sociedade, evitando gastos desnecessários.