Expressão de endotelina-1, receptores de endotelina A e B, bem como receptor de hidrocarboneto arílico (AhR) no melasma facial em comparação com a pele sã adjacente fotoexposta

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Silva, Carolina Nunhez [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/295884
Resumo: Fundamentos: O melasma é uma hipermelanose focal adquirida crônica, de etiologia multifatorial, que acomete principalmente a face de mulheres em idade fértil. Embora seja altamente prevalente, sua patogênese ainda não é totalmente compreendida. A radiação ultravioleta (RUV) é seu principal gatilho ambiental, agindo direta e indiretamente na melanogênese. Uma alta prevalência de melasma é observada em países com maior exposição solar e população miscigenada, mas também com altas taxas de poluição. Endotelina-1 (ET-1) é um peptídeo sintetizado por diferentes tipos de célula e tem ação vasoconstritora. Na pele, ET-1 é produzida pelos queratinócitos em resposta à exposição RUV do tipo B, e desempenha um papel na melanogênese ao se ligar a receptores específicos na superfície dos melanócitos - receptores de endotelina A e B (ERA e ERB). O receptor de hidrocarboneto arílico (AhR) é uma proteína citoplasmática que sofre translocação nuclear quando ativada, e atua como um fator de transcrição regulador para a resposta a estímulos ambientais e manutenção da homeostase celular. O AhR pode ser ativado por bifenilos policlorados, dioxinas ou outros hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP) presentes na poluição ambiental, além de metabólitos endógenos induzidos pela RUV. Quando ativado, AhR regula positivamente enzimas envolvidas na depuração de xenobióticos e aumenta espécies reativas de oxigênio (ERO), induzindo a expressão de p38. Por sua vez, p38 aumenta a atividade do fator de transcrição MITF, regulando diretamente a expressão da tirosinase nos melanócitos. Até o momento, a expressão de ET-1, ERA, ERB e AhR no melasma não foi sistematicamente investigada. Objetivos: Avaliar a expressão de ET-1, ERA, ERB e AhR na pele de mulheres com melasma facial em comparação com a pele sã adjacente fotoexposta. Métodos: Estudo transversal, com 40 amostras de pele (20: melasma facial; 20: pele sã adjacente) obtidas de biópsias por punch (3mm), realizadas em mulheres com melasma facial moderado a grave, sem tratamento há ao menos 30 dias, exceto por uso de protetor solar, obtidas por conveniência entre as pacientes atendidas em hospital terciário. Coletaram-se dados clínicos e demográficos das pacientes. Foram excluídos extremos fenotípicos, gestantes, lactantes e portadoras de outras dermatoses. As amostras foram emblocadas em parafina e, após, realizou-se técnica de imunofluorescência de tripla marcação para anti-vimentina, DAPI, mais um dos seguintes anticorpos testes: (a) anti-ET1, (b) anti-ERA; (c) anti-ERB. Para análise de Ki67 (anticorpo monoclonal clone MIB1, Dako, M7240 , Glostrup, Denmark – 1/50), e para AhR (ab190797, Abcam, Cambridge - MA – 1/100), 40 lâminas foram previamente coradas para Hematoxilina & Eosina, e submetidos à imuno-histoquímica (DAB). De maneira cega para topografia (melasma; pele sã), as áreas interfoliculares de maior intensidade nas lâminas foram fotografadas em triplicata. Para as técnicas de imunofluorescência, foi utilizado microscopia confocal a laser (LEICA TCS SP8) para diferentes filtros de cor. Já para imuno-histoquímica, as lâminas foram fotografadas em microscópio óptico convencional. Usando o software ImageJ v1.51, realizou-se análise semiquantitativa das imagens obtidas, sendo a análise cega quanto à topografia. Resultados: A média (DP) de idade dos participantes foi de 44,9 (9,2). A expressão de ET-1 mostrou-se aumentada em toda a epiderme com melasma quando comparada à pele sã adjacente, sendo 32,8% (IC95% 14,7%─52,6%) maior na camada espinhosa (p=0,013), 30,4% (IC95% 13,7 % ─47,9%) maior na camada basal (p=0,014) e 29,7% (IC95% 11,4%─49,7%) maior nos melanócitos (p=0,006). Houve correlação positiva entre a expressão de ET-1 na epiderme com melasma e a espessura da epiderme (eho=0,51; p=0,02) e com a idade (rho=0,58; p=0,01). Não houve expressão perceptível de ET-1 nas células da derme superior. Nem o ERA nem o ERB resultaram em expressão epidérmica diferencial entre melasma e a pele sã ajdacente (p≥0,1). A imuno-histoquímica revelou maior ativação do AhR na epiderme do melasma em comparação com o epitélio adjacente (1,3 vs. 1,1 núcleo por campo; p=0,03). Não houve marcação citoplasmática do AhR na epiderme. Nos folículos pilossebáceos, houve marcação tanto nuclear quanto citoplasmática, sendo mais frequente no melasma que na pele sã adjacente (70% vs. 30%; p=0.03). A epiderme com melasma apresentou menor espessura do epitélio (187 vs. 207 µm; p<0,01), entretanto, maior taxa de proliferação (HSCORE 36 vs. 27; p=0.02). Não houve, porém, correlação entre o HSCORE, a espessura da epiderme e a expressão epitelial do AhR (p>0,3). Limitações: Foram incluídas apenas mulheres (embora isso garanta a homogeneidade da amostra) oriundas de apenas um centro de pesquisa e não houve um estudo funcional das vias ativadas pelo AhR. Conclusão: A ET-1 é expressa mais intensamente na pele de mulheres com melasma facial em comparação com a pele sã adjacente fotoexposta e este aumento se dá às custas de ET-1 epidérmica em detrimento da expressão dérmica. Evidenciou-se ativação do AhR epidérmica e maior expressão do AhR nas unidades pilossebáceas da pele com melasma em comparação com a adjacente.