As microconstruções auxiliares com "deixar" e "parar" no português na expressão de aspecto final

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Prezotto Junior, José Roberto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191820
Resumo: Este trabalho se dedica à descrição e à análise diacrônica das microconstruções auxiliares de aspecto final com os verbos “deixar” e “parar” no português. Fundamentados pelas premissas dos Modelos Baseados no Uso, conjugamos as propostas de Bybee (2016) e de Traugott e Trousdale (2013) que entendem a língua como sistema adaptativo complexo, motivado por processos cognitivos e organizado em redes. A partir desses princípios teóricos, propomos, para a análise das microconstruções em questão, parâmetros de forma e de significado, a partir da aplicação dos critérios clássicos de auxiliaridade (LOBATO, 1975; HEINE, 1993; LONGO; CAMPOS, 2002; ILARI; BASSO, 2008) e dos estudos de aspecto (COMRIE, 1976; CASTILHO, 1968, 2002; TRAVAGLIA, 2014). Para a coleta de ocorrências do século XIII ao XXI, utilizamos o Corpus do Português (DAVIS; FERREIRA, 2006; 2016). Ao investigar os elos de herança, corroboramos a hipótese, difundida pelos estudos clássicos em gramaticalização, de que significados abstratos emergem a partir de significados mais concretos. As microconstruções com “deixar” e “parar” emergem por meio da abstratização do slot de objeto que se expande para estruturas sintáticas que designam entidades semânticas mais abstratas e mais próximas a de um V2inf. Entendemos que esse fato constitui o gatilho para que as microconstruções atinjam o status de auxiliar, herdando do esquema auxiliar a forma [V1 + Prep + V2inf.] e partilhando a semântica aspectual de fim. Além disso, a análise dos dados permitiu evidenciar, ao longo dos séculos, as mudanças nas propriedades construcionais. [Deixar+de+V2inf.] é: i) parcialmente esquemática, pois apresenta o slot de V2inf.. como aberto, ii) mais produtiva, uma vez que ela expande e abstratiza o arranjo colocacional de sujeito e de V2inf. para entidades e feixes semânticos verbais mais abstratos no decorrer dos séculos, via neoanálise, promovendo mudanças construcionais. [Parar+de+V2inf.] é: i) parcialmente esquemática, pois também apresenta o slot de V2inf. como aberto, ii) parcialmente produtiva, porque ainda não expandiu totalmente os slots de sujeito e de V2inf. e sanciona, frequentemente, referentes e feixes verbais mais concretos; ainda há atuação da neoanálise em favor de sua abstratização. Ambas microconstruções são não composicionais, porque não há traços de transitividade nos verbos “deixar” e “parar”, os quais unidos à preposição “de” e ao V2inf. fundem-se para formar dois chunks procedurais na expressão aspecto final.