Governamentalidade, deficiência e educar: possibilidades da ética da amizade como resistência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Ferraz, Kaliny [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/194237
Resumo: O presente estudo objetiva expor as relações de amizade enquanto modo criativo e resistente de inclusão dos discentes considerados deficientes, dentro do contexto escolar. Para tal finalidade, o embasamento teórico que respaldou esse estudo adveio das pesquisas de Michel Foucault acerca da governamentalidade e do Cuidado de Si. Segundo Foucault, desde o advento da sociedade neoliberal, adentra-se uma governamentalidade, onde tudo o que diz respeito à existência humana torna-se passivo de objeto de controle, normalização, organização e gestão que são administradas pelos dispositivos de governo. Para isso, são dotados vários dispositivos para normalizar, vigiar e enquadrar as vidas em tudo o que diz respeito ao seu corpo numa biopolítica. Contudo, existem modos de vidas que inventam novas asceses que resistem à governamentalidade, como por exemplo, os considerados deficientes. Durante algum tempo, esses modos de vida desviantes eram marginalizados, ou seja, retirados da sociedade, inserindo-os em manicômios ou outras instituições. Mas, nas últimas décadas, com as mudanças nos paradigmas políticos e educacionais, essas pessoas têm tido oportunidade de experenciar novas vivências sociais, uma vez que se fazem presentes em escolas, empregos e outras partições, devido ao avanço prático das políticas de acessibilidade. Em que pese isso, tais sujeitos continuam no processo de resistência devido as dificuldades persistentes, e várias medidas vêm sendo tomadas à questão que também permeia essa pesquisa, qual seja: como se relacionar com os modos de vida desviantes no contexto das instituições, principalmente a escolar, que objetivam normalizar essas vidas que continuam resistindo? A nossa hipótese é que a amizade proporcionada nos ambientes comuns, entre deficientes e não deficientes, como a escola, é inclusão que destoa dos parâmetros neoliberais de subjetivação e que realmente inclui as especificidades desses modos de existência. Vemos que, na relação de amizade dentro do cotidiano escolar, entre as crianças consideradas normais e anormais, há a possibilidade efetiva de experiências ao convívio que não busca, meramente, a superação de seus modos de existência, mas sim, nova ascese nas relações afetivas entre tais sujeitos.